Narrado por Mikhail Petrov
A mansão respirava um silêncio antigo, quase respeitoso. As paredes de pedra absorviam nossos segredos e os devolviam em ecos suaves. Irina, sempre precisa e contida, guiava Mia pelos corredores como quem carrega porcelana em bandeja de prata. Acompanhei o movimento de longe, da porta do meu escritório entreaberta, observando a forma como o cabelo dela balançava nos ombros, como a roupa simples que usava ganhava elegância natural em seu corpo.
Fechei a porta e fiquei sozinho.
Dentro do meu refúgio, entre prateleiras de livros antigos, mapas, armas e lembranças que fediam a sangue e memória. Meus dedos tocaram de leve a madeira da mesa. Me apoiei nela como quem precisa se manter de pé enquanto o passado pesa.
Cinco passos. Foi essa a distância que nos separou no avião.
Mas parecia um continente inteiro.
Ela olhava pela janela, e mesmo ali, perto, eu sentia que ela podia desaparecer a qualquer momento. Havia um mundo dentro dela que eu não sabia decifrar. E es