Maria Júlia
Eu sabia que não ia ser fácil. Desde o momento em que pisei — ou melhor, fui empurrada — dentro daquela clínica, minha mente já estava preparada para o pior. Mas nada, absolutamente nada, poderia ter me preparado para a dor que eu estava prestes a sentir.
A fisioterapeuta, uma mulher alta e de cabelos presos em um coque impecável, me olhava com um misto de profissionalismo e compaixão. O nome dela era Marcelle, e eu já tinha percebido que ela não era do tipo que pegava leve.
— Vamos começar devagar hoje, Maria Júlia. Nosso objetivo inicial é restaurar a circulação e fortalecer os músculos que ficaram inativos desde o acidente.
Assenti, embora minha garganta estivesse seca.
Mariana estava ali, encostada na parede, me observando com aquele olhar de irmã superprotetora. Eu sabia que ela queria me ver andando de novo mais do que tudo, mas a preocupação nos olhos dela era evidente.
— Vou te ajudar a se deitar na maca, e depois começamos com alguns exercícios passivos