O traidor

Os dias passaram rápido e Felippo e Henrique estavam aguardando Franco no aeroporto, o plano deles já estava em ação, o contêiner estava sendo transferido de galpão e eles aguardando apenas uma ligação confirmando o roubo.

Franco os vê e se aproxima sorrindo surpreso para Henrique.

— Henrique, você me buscando no aeroporto, que surpresa.

— Não é para tanto pai.

— Huum, aconteceu algo? Ou apenas meu filho lembrou de tratar bem seu velho?

— Não pode só agradecer?

— Obrigado, vamos estou exausto. A viagem foi terrível, tivemos turbulência e havia um bebê que chorou o voo todo.

— Ainda não entendi porque não veio em nosso jatinho.

Eles caminhavam pelo aeroporto com os seguranças atrás, indo para onde Felippo os esperava no carro.

— Sabe que as vezes gosto de ver novos horizontes, assim penso de forma diferente para resolver certos problemas.

— Você é mesmo doido pai.

— Devia tentar um dia, veria que tenho razão.

Henrique vê os seguranças guardar a mala de seu pai no porta malas e entram no carro.

— Boa tarde Dom Franco, como foi a viagem?

— Boa tarde Felippo, foi ótima, deviam ir a Califórnia, é um lugar espetacular.

Felippo dirige saindo do aeroporto e pegando a pista em direção a empresa.

— Felippo, sabe que minha casa fica para o outro lado da cidade.

— Ele sabe pai. Só preciso passar lá na empresa é coisa rápida. – Justifica Henrique.

— Certo, e minha nora? Já lhe ensinou a te obedecer?

— Está no clube.

— Sua mãe era igualzinha, vivia no clube, quando você nasceu, ela até levava você junto.

— Me lembro bem, sempre odiei aquele lugar.

Neste momento o celular de Felippo toca e ele atende com o olhar atento de Henrique para ele.

— Perfeito, estamos indo.

Ao desligar Felippo olha para Henrique no banco detrás sorrindo.

— O rato mordeu a isca, está onde planejado.

— Perfeito.

— Do que estão falando? — Franco pergunta desconfiado.

— Pai, estamos indo para um dos galpões, tem algo que precisa ver com seus próprios olhos.

— O que está aprontando Henrique?

— Já saberá.

Ao chegar no galpão, eles descem do carro rapidamente e Henrique entra acompanhado de Franco e Felippo à suas costas, seus homens cercavam o galpão e haviam três carros ao lado de fora.

Lá dentro haviam seis homens amarrados e cadeiras e um deles chocou Franco. Era Erik, seu amado sobrinho, quem ele criara com tanto amor e carinho, como se fosse seu filho.

— O que está acontecendo aqui? — Fabio se vira olhando Henrique e esperando uma explicação.

Erik assim que ouviu a voz de Fábio o olhou sorrindo e já com um discurso na ponta da língua.

— Tio, me solta, seu filho está maluco, me amarrando como um qualquer aqui.

— CALA A BOCA ERIK. — Henrique grita furioso.

— Henrique, vamos, o que está acontecendo?

— Ora pai, o senhor me pediu para pegar o culpado pelo roubo do nosso container não foi? Aí está, seu queridinho te apunhalando pelas costas, sabia que ele também tem desviado dinheiro do clube e das duas boates que o senhor o deixou como responsável?

Um dos homens se aproxima estendendo um envelope para Franco que pega e abre vendo que são os relatórios de contabilidade do clube e das boates todos em duplicata.

— Aí estão os relatórios feitos por Erik e os que pedi para o contador fazer.

— É MENTIRA, ME SOLTA DAQUI HENRIQUE, ELE ESTÁ MENTINDO TIO. — Erik se debate na cadeira. – EU TE DISSE TIO, QUE ELE NUNCA GOSTOU DE MIM. ELE QUER ME INCRIMINAR, ARMOU PARA MIM.

Henrique se aproxima de Erik lhe acertando um soco.

— Mandei ficar calado.

— Está vendo esse container pai? — Henrique abre o container que estava lotado de sacos pretos exalando o fedor do lixo.

— Esse filho da puta estava tentando roubar, assim como fez com o outro, mas era uma armadilha. Eu não podia simplesmente acusá-lo, o senhor jamais acreditaria e não seria o correto., então reuni provas e aí está.

Franco olhou Erik indignado e estendeu o envelope para Felippo que pegou rapidamente.

— Como pôde Erik? Eu lhe dei tudo, te criei como um filho.

— Me criou por culpa. — Erik arranca a mascará de bom moço e começa a destilar seu veneno. —  Acha que não sei que se culpa pela morte do meu pai? Seu irmão morreu por sua causa, eu jamais vou te perdoar por isso. Pode me matar, sei que é isso que fará, mas saiba que isso não acaba aqui titio, tenho pessoas só esperando minha morte para agir. Vocês vão sofrer, sofrer tanto que jamais esqueceram de mim.

Franco não queria ouvir mais nada, pegou sua arma nas costas e acertou um tiro certeiro na cabeça de Erik. Não havia misericórdia em seu olhar, muito menos arrependimento em seu coração, apenas o sentimento de raiva e decepção, por ter criado e confiado em Erik e depois ser apunhalado pelas costas. Em seguida, Franco olhou para Henrique e pousou a mão em seu ombro.

— Agora sei que posso entregar tudo isso a você, você me provou que está pronto.

— Demorou para o senhor enxergar.

— Me leve para casa, estou cansado.

Henrique olhou para seus homens enquanto Franco saia ainda chocado e decepcionado do galpão. Ele sabia que nesse mundo devia sempre desconfiar de tudo e todos e havia subestimando seus instintos confiando plenamente em Erik.

— Levem eles para a sala de interrogatórios, ainda preciso de informações.

Os homens concordam e Henrique sai com Felippo indo para o carro onde seu pai já os aguardava. Eles foram em silêncio até a casa de Franco que desceu do carro parecendo bem chateado.

Franco estava com um cansaço extremo, mental e físico, devido a um tumor que descobriu recentemente, ele sabia que tinha pouco tempo de vida e estava preparando Henrique da melhor forma que podia para em breve assumir seu lugar, mas ele não esperava que Erik fosse capaz de algo do tipo. Ele tinha planos para que Erik se tornasse o braço direito de Henrique, junto com Felippo. Tudo aquilo para ele, era decepcionante demais, o que o deixou com muita raiva de si mesmo, por não perceber como Erik estava o manipulando esse tempo todo.

Erik usava Franco como bem entendia, falava coisas de Henrique, fazendo ele acreditar que Henrique não estava pronto para assumir o cargo, inventando erros e apontando situações que ele mesmo armava, prejudicando Henrique.

— Pai.

Franco olha Henrique que se aproxima, o surpreendendo com um abraço. Franco sempre foi um homem durão, não era carinhoso e gestos como esses eram raros para ele. Afinal, seu cargo pedia que fosse um homem firme e educasse seu filho para ser um homem forte e sem misericórdia, porém neste momento, ele cedeu e envolveu seus braços em Henrique o abraçando e sentindo o conforto que seu filho lhe dava.

Ele sabia que estava em seus últimos momentos de vida e não queria morrer antes de ter ao menos um gesto de carinho com o filho.

— Já chega. — Eles se soltam e Franco entra com seu mordomo levando sua mala.

Henrique entra no carro e suspira aliviado por finalmente ter conseguido pegar o traidor e provar ao pai que era capaz de cuidar de tudo.

— Vá para nosso Casino, preciso resolver umas coisas.

Assim que chegam no Casino, Henrique sobe para a área Vip encontrando Matteo, um dos capôs de seu pai, como esperava com uma mulher linda e sexy em seu colo.

— Matteo.  — Matteo o olha sorrindo e pede para que a mulher saia, ela assim faz e Henrique se senta ao seu lado.

— Preciso de um favor. — Foi direto como sempre, entre eles não precisava de rodeios.

— Eu sabia que esse dia chegaria meu amigo, não precisa me dizer nada, sei que descobriu sobre Erik. Saiba que estou contigo. Apenas não se esqueça que no dia do seu casamento eu o avisei sobre ele.

— Sim, agradeço por isso e fico feliz por poder contar com você.

— Agora curta a noite meu amigo, amanhã teremos um dia cheio.

Matteo sabia sobre Erik há tempos, e mesmo tento avisado Henrique ele não havia acreditado, pois Matteo era apaixonado por Lena o que acabou causando uma grande desavença entre os dois, mas devido aos acontecimentos, Henrique sabia que no fim das contas Matteo estava ao seu lado e deviam deixar certas desavenças de lado e focar no que era mais importante, a família.

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