Gabriel e Elana se encaravam, como se tivesse mais quinze anos de abismo entre eles e não apenas um mês. Isabella, ainda no meio dos dois, olhava alternadamente entre eles, até finalmente falar:
— Eu vou subir e deixar vocês conversarem.
Gabriel estava na soleira da porta, o corpo tenso, as mãos cerradas ao lado do corpo como se tentasse segurar as palavras que lutavam para sair. Elana, dentro de casa, permanecia parada no hall, os braços cruzados em um gesto defensivo, segurando o manuscrito com mais força que o normal.
— Posso… entrar? — perguntou Gabriel, a voz rouca, quase um sussurro. Ele deu um passo hesitante, mas parou quando viu Elana se enrijecer.
— Por que você está aqui, Gabriel? — A voz dela era baixa, mas cortante, cada palavra carregada de uma dor que ele não podia ignorar. — Veio me contar que a terapia com Giana deu certo e vocês vão viajar em lua de mel?
As palavras de Elana acertaram Gabriel como um soco, a ironia afiada cortando mais fundo por causa da verdade