O parquinho da praça pulsava com o caos alegre das crianças, o cheiro de pinho e terra molhada misturando-se ao doce aroma de pipoca que flutuava de um carrinho próximo. O sol do meio-dia banhava o gramado, as copas dos carvalhos lançando sombras dançantes sobre os balanços, que rangiam em um ritmo frenético. Minha loba estava em alerta, suas garras arranhando minha mente, enquanto eu corria pelo caminho de cascalho, o coração disparado, os tênis batendo contra as pedras.
Eva me ligara minutos antes, a voz tensa: “Lian saiu com a babá para o parquinho, mas ela perdeu ele de vista.” O pânico me engolira, e agora, o vento quente carregava o eco das risadas infantis, mas tudo o que eu sentia era o frio da minha loba, pressentindo perigo.
— Lian! — gritei, a voz rouca, o peito apertado enquanto meus olhos varriam a praça. Minha bolsa escorregava do ombro, o couro áspero roçando minha pele, e o suor escorria pela nuca, grudando os cabelos pretos.
Então, meu coração parou.
Lá estava ele,