O quarto do hotel cheirava a lavanda e papel novo, a luz suave da luminária de cabeceira lançando sombras tremeluzentes nas paredes bege. A cama king-size, coberta por lençóis brancos impecáveis, parecia intocada, como se eu não merecesse seu conforto. Minha bolsa de couro estava jogada no canto, ao lado de um par de botas enlameadas, e o espelho de corpo inteiro refletia uma mulher que eu mal reconhecia: olhos verdes cansados, cabelos castanhos emaranhados, a pele pálida sob a pressão de segredos que queimavam meu peito.

Minha loba estava inquieta, suas garras arranhando minha mente, exigindo que eu enfrentasse o caos dentro de mim. Sentei-me na beira da cama, as mãos apertando o tecido do pijama de algodão, o coração disparado enquanto tentava apagar o olhar âmbar de Damian da minha memória.

— Ele não significa nada — murmurei para mim mesma, a voz tremendo no silêncio do quarto. O ar condicionado zumbia baixo, mas não abafava o eco das minhas palavras. — Só rancor, Ayla. Só isso.

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