Norma Duarte
Consegui um emprego no buffet que serviria o casamento de Valentina, e estar ali, observando aquelas ingratas curtindo a vida como se não houvesse amanhã, me deixava com nojo. Cada risada, cada brinde, cada olhada de ostentação era como se me cutucasse a ferida de anos de desprezo e abandono.
Peguei uma taça de champanhe e me aproximei das duas irmãs, agora tão amigas e unidas, deixando a mãe na miséria de atenção e afeto, como se o mundo tivesse finalmente virado a página.
— Mãe? — Helena foi a primeira a me notar, e seus olhos refletiam surpresa e uma pontada de julgamento.
— Eu acho que não sou mãe de vocês há três anos, não é? — respondi, com um sorriso meio irônico, segurando a taça como se fosse minha defesa.
— Por escolha sua. — Valentina disse indiferente, seus olhos firmes e desafiadores, mostrando que não havia mais espaço para manipulações ou lembranças do passado.
Fiquei ali, parada, sentindo a tensão que carregava anos se dissolver no ar, entre olhares que d