Jaqueline

Houve mais uma pausa do outro lado da linha. Minha mãe parecia medir as palavras com cuidado.

– Eu não quero te assustar, nem te deixar ansiosa. Pode até não ser nada… Mas se alguém estranho te procurar, alguém que você não conhece, ou que mexa com coisas do passado… Me avisa. Promete?

– Mãe do que você está falando? Senti um calafrio.

– Ainda não posso te dizer e talvez seja só uma impressão que eu tive hoje. Só me escuta, tá? Fica atenta, Jaqueline. Me promete isso.

Respirei fundo sentindo o peso do mistério se instalar. Continuei sentada me observando no espelho. A maquiagem se tornou um mero detalhe. Eu ouvia a minha mãe com inquietação e com a testa franzida. Um incômodo crescia dentro de mim.

– Mãe… deixa eu te perguntar uma coisa. Você já morou em São Paulo antes de se casar com meu pai?

– Claro que não, filha! De onde você tirou isso. Sempre vivi aqui em Palmeiras. Você sabe o quanto sua avó era rígida. Eu e sua tia vivemos debaixo dos olhos da sua avó.

– Mas tem uma