— Não é castigo. Não é culpa.
Pamela
Eu sonhei com meu pai.
Depois de tantos anos, ele apareceu de novo, como se nunca tivesse ido embora. O cenário era um jardim enorme, cheio de flores que eu nem sabia o nome. O céu estava tão claro que parecia pintado à mão, e o ar tinha cheiro de infância. Um cheiro de casa, de paz, de algo que eu não sentia há muito tempo.
Eu tava sentada numa pedra, de vestido branco, e sentia o sol batendo de leve no rosto. Quando ouvi os passos, não precisei nem olhar pra saber quem era.
Era ele.
Meu pai caminhava devagar, com aquele mesmo jeito calmo que sempre teve. O sorriso... o mesmo de sempre. O mesmo sorriso que me acalmava quando eu era pequena e acordava com medo.
Naquele instante, eu desabei.
— Pai... — minha voz saiu tremida, e as lágrimas começaram a escorrer antes mesmo de eu levantar.
Ele abriu os braços, e eu corri pra ele como se tivesse cinco anos de novo. Senti o abraço dele — quente, forte, seguro. O tipo de abraço que cura qualquer dor.
E, por alguns segundos, tudo pare