Pamela
Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas… ver o sol batendo na minha pele foi a coisa mais maravilhosa que me aconteceu nas últimas semanas.
Sério.
Depois de dias e dias presa naquele quarto, com cheiro de hospital e lençol limpo demais, ver o céu azul parecia um milagre.
Mas antes disso, vem o medo.
Sempre o medo.
Acordei hoje cedo com o coração apertado.
Faz uns dois dias que eu não sinto aquelas dores na barriga — o que deveria ser bom, né? — mas a minha cabeça não consegue relaxar.
Parte de mim quer acreditar que estou melhorando, que meu corpo tá finalmente se ajustando.
Mas a outra parte... a outra parte acha que o silêncio é perigoso.
Que se não sinto nada, é porque algo deu errado.
A paranoia virou minha nova melhor amiga.
Deitei ali, olhando pro teto, ouvindo os passarinhos do jardim lá fora, e pensei: não aguento mais esse quarto.
Preciso sair, ver o sol, respirar ar de verdade.
Aí decidi que ia descer.
Só que, pra mim descer, virou uma operação militar.
Primeiro, o