Algo inesperado aconteceu! Lana sempre foi dedicada em sua vida. Uma ótima aluna, filha modelo, funcionária exemplar e tudo de perfeito que poderia definir alguém. Ser essa pessoa acabou tornando a jovem dura demais com seus sentimentos e quando sua colega de apartamento percebe que isso pode deixá-la sozinha, ela resolve ajudar a amiga a se divertir por uma noite. Lana decide encarar esse desafio, acreditando que nada de ruim pode acontecer depois de tanto esforço para ser perfeita, mas o que elas não esperavam era que dessa noite surgisse um grande problema e que isso colocaria cada um dos sentimentos de Lana a prova. Foi preciso uma noite para mudar completamente sua vida.
Leer másA porta do quarto abriu abruptamente, fazendo-me dar um pulo na cama e olhar na direção da invasora. Ana tinha uma expressão exausta e os olhos cheios de raiva estavam prontos para invadirem o quarto junto de sua energia furiosa. Eu poderia dizer que aquilo era minha culpa, se ela não fosse rápida o suficiente para me gritar.
— Lana! — Sua voz saiu estridente, levando meus ombros a se encolherem. — Você não tem esse direito!Eu não tinha ideia do que ela poderia estar falando, mas deveria ser algo de muito ruim, mesmo que eu tentasse não errar em nada para que não precisasse ver aquele tipo de reação. Pensar nisso me levou a apenas suspirar.— Você pode usar mais as palavras e me explicar — falei por fim, desistindo de descobrir o que aquela doida estava querendo.— Eu te convidei para ir à balada e você me disse que não poderia, pois voltaria para à casa dos seus pais essa semana. — Ela caminhou pelo quarto falando de maneira nervosa enquanto suas mãos se agitavam no ar. — Eu super entendo, pois é um feriado prolongado e claro que você queria ver seus pais perfeitos. — Dessa vez ela fez aspas com os dedos na última palavra. — Aí chega hoje e você me manda mensagem avisando que está em casa e que não pretende sair!Recordei do mundo de perguntas que ela havia me feito no w******p e só então percebi que realmente havia mentido alguns dias atrás avisando de uma breve visita aos meus parentes. Eu até pensei em ir de fato para Santos onde meus pais moravam atualmente, mas eles não estariam em casa e eu não queria ficar encarando meu irmão com seu humor adolescente. Dei um longo suspiro ao observar a raiva da moça de cabelos cacheados e um vestido prata brilhante que iluminava bem suas curvas incríveis e a cor marrom da sua pele.— Aconteceu um imprevisto. — Menti e ela estreitou seus olhos, me dizendo que não seria enganada outra vez. Ergui as mãos em rendimentos. — Tudo bem, eu não quero ir para a balada e não quis te magoar com isso.Confessei, afinal. Ana me mostrou a língua como se fosse uma criança mimada e isso me fez rir alto. A garota não se importou comigo, apenas bateu seus pés para fora do quarto carregando seu enorme bico.Fechei o livro que lia enquanto observava à porta que Ana fez questão de não fechar. Eu sabia que ela iria me perseguir pelo resto dos meus dias até que eu finalmente fosse visitar meus pais, pois nesse momento ela iria pular em cima da minha mala e dizer: "Até que fim vai cumprir isso, né?"Suspirei pesadamente com esse pensamento e coloquei o livro em cima da mesa de cabeceira enquanto afastava as cobertas para me levantar. Eu iria me arrepender amargamente daquela decisão repentina, mas me arrependeria ainda mais se deixasse minha amiga bicuda e posso dizer que isso duraria muito tempo.Eu estava tentando seguir o conselho da psicóloga do trabalho, afinal ela havia me dito que o estresse que eu vinha sentindo era por causa de uma rotina sem distrações e que eu deveria tentar ouvir meus amigos. No caso, minha única amiga que estava de mal de mim naquele instante.Mordi o lábio antes de levantar e pensei se seria uma boa ideia sair das regras tão repentina e loucamente daquela forma. Poderia ser uma mudança muito radical para alguém como eu ou eu deveria mesmo começar exatamente assim. Jogando tudo para o alto e ligando o grande foda-se.Até então, eu nunca tinha parado para me divertir de verdade. Em algum momento da minha vida eu havia decidido que minha diversão era me dedicar ao máximo para ser a melhor pessoa que deveria existir e eu não larguei esse pensamento até ouvir que eu já tinha passado dos limites comigo mesma.Revirei os olhos quando senti o peso daquela decisão em minhas costas. Eu era a filha perfeita. Formada como a melhor aluna da escola. Fazia parte da diretoria geral de uma das maiores empresas do país. Dividia o aluguel com a filha do meu chefe em um dos apartamentos mais bonitos que já vi em toda minha vida e minha mãe estava tão orgulhosa com minhas conquistas que nossos parentes diziam que eu era a prima invejável da família.Uma noite saindo desse mundo incrivelmente perfeito, não iria destruir tudo o que eu havia construído e foi pensando assim que finalmente me levantei da cama caminhando até à sala onde uma garota de bochechas cheias e bico gigante.— Dá tempo de ir ainda? — Perguntei, já olhando para o relógio na parede que me indicou ser 10:45. Ana deu um pulo do sofá vindo em minha direção para se apoiar em meus braços cruzados.— Aí meu Deus! Claro que sim, está super cedo!— Cedo?— Mas você quer ir mesmo? — Ela perguntou ignorando meu questionamento.— Não — confessei, porém deixei o ar escapar. — Mas parece que vou enlouquecer se não sair e é provável que isso ocorra na empresa do seu pai.— E isso não é bom. — Ela falou e eu afirmei. — Que incrível, Lana! Você vai sair comigo então?— Só dessa vez.— Tranquilo! Agora vamos para seu quarto escolher uma roupa. — Ela me empurrava de volta ao meu quarto durante suas palavras enquanto eu me arrependia da decisão.— Ana…— Relaxa, amiga. Essa noite vou te transformar numa grande piranha gostosa.— Ana!Ela sibilou sem parar de me carregar até meu guarda roupas.A música estava exageradamente alta e as luzes neon tentavam invadir meu cérebro para fazer outra pista de dança dentro da minha cabeça. Ana havia escolhido um vestido vermelho para mim que vinha direto do seu guarda roupa safado. Algo que estava colado ao meu corpo como se fosse uma grande fita crepe vermelha com um laço gigante na bunda. Era como se eu estivesse embrulhada para presente.Posso jurar que minha colega de apartamento tentava me dizer algo, mas à música conseguia ser alta o suficiente ao ponto de estremecer até os órgãos do meu corpo.— O que?! — Gritei e Ana revirou os olhos aproximando-se do meu ouvido esquerdo para dizer.— Aqueles dois estão de olho em nós já tem um tempinho.Olhei na direção dos rapazes que ela havia mencionado e não muito longe de nós estavam um grupo de seis jovens aparentemente elegantes. A fisionomia deles não me era estranha, mas não me atentei tanto em querer descobrir o porquê. Resolvi apenas observar os homens que Ana citou e pude ver os dois no meio do grupo nos analisando.Um deles tinha a cabeça raspada. Um homem negro de olhos verdes que parecia estar voltando de uma longa viagem. Seu terno era preto e o paletó estava pendurado na cadeira em que ele se encontrava. Seus olhos claros não saiam de Ana enquanto ela tentava ser atraente como um canto de sereia no intuito de sair daquela balada com ele de vítima.— Você está caçando, né? — Falei quando a vi morder os lábios sem tirar os olhos do rapaz.— Não, amiga. Já achei à presa. — Ela acariciou o pescoço com a mão direita. — Agora estou hipnotizando ela para atacar.— Misericórdia. — Ergui o livro que eu teimei em levar e percebi que foi uma ótima ideia, pois pude abri-lo para cobrir meu rosto da vergonha que minha amiga me causava naquele momento.— Para de ser assim. — Ana me fuzilou com seus olhos em reprovação e tomou o livro da minha mão jogando-o na mesa. — Tem um gato te olhando também e você precisa transar.— Às vezes eu penso que você é minha fada do mal caminho. — Ana franziu o cenho e eu sorri sem graça. — Tipo fada madrinha, mas das coisas erradas.— Se ter um belo orgasmo com o bonitão de rabo de cavalo é coisa errada, então confia em mim e vai pro errado, amiga.Ela apontou com a cabeça para o homem que realmente tinha seus olhos presos em mim. Ana tinha razão, ele deveria ter o cabelo grande, mais ou menos na altura de seus ombros, pois o rabo de cavalo não era muito longo, mas dava um charme incrível para ele.Seus olhos eram pequenos e tão escuros quanto uma noite sem estrelas. Os traços do rosto eram marcantes. O queixo tinha um formato quadrado e as sobrancelhas ligeiramente anguladas. Os olhos eram menores que os meus e levemente arredondados. Já o nariz não era tão achatado quanto o meu, assim como os ossos da sua bochecha. Ele usava uma roupa muito parecida com a do seu amigo, mas não faltava nenhuma peça em seu corpo e estava tão bem alinhada que eu poderia jurar que aquele era um boneco perfeitamente colocado ali. Se ele não tivesse se levantado para caminhar em minha direção, eu diria até que era uma pintura.O rapaz careca chegou primeiro em nós enquanto seu amigo não tirava os olhos de mim, deixando-me constrangida.— Boa noite meninas — disse o outro e posso jurar que suas palavras eram apenas para minha amiga.— Será que podemos pagar uma bebida para vocês? — A voz do rabo de cavalo era macia, rouca e fazia minhas pernas tremerem. Gaguejei tentando responder que não.— Claro que podem! — Ana tomou a fala e os dois se sentaram. Pedi para Deus me tirar dali naquele instante, mesmo que eu não acreditasse em Deus. — Como se chamam, meninos?— Eu sou o Carlos e esse é meu amigo Lee Jung-suk. — Prestei atenção no nome do meu observador de voz sedutora e pensei que jamais conseguiria pronunciar como o amigo dele havia feito.— Lee — repeti em forma de cumprimento e ele sorriu para mim. Que sorriso lindo.— E vocês como chamam? — Foi a vez de Lee falar e droga eu sempre ficava sem voz quando ouvia a dele.— Prazer meninos. Sou Ana Carolina e essa é minha colega de apartamento Lana Guedes.— Prazer meninas! E então? — Carlos chamou minha atenção enquanto fazia um gesto sutil para o bartender. — O que querem beber?Enquanto minha barriga crescia, a ansiedade e a emoção se misturavam em meu coração. Cada pontapé da bebê me lembrava da maravilha e da responsabilidade que estava por vir. No entanto, junto com a excitação, surgiam também algumas preocupações.À medida que a data de chegada se aproximava, eu me enchia de curiosidade para saber como seria o rostinho da minha pequena. Admirava as roupinhas que comprava, e fazia uma enorme lista de nomes em minha cabeça. Eu pensava constantemente em todos os momentos especiais que estavam por vir.Enquanto isso, as mudanças em meu corpo eram evidentes. As noites se tornaram batalhas para encontrar posições confortáveis para dormir e não importava o quanto eu comesse ao decorrer do dia, minha barriga parecia nunca estar satisfeita.A gravidez avançava rapidamente e eu sentia a minha conexão com meu bebê se fortalecendo. Eu sentia seu movimento, suas cambalhotas e descobri que os bebês acabam soluçando diversas vezes dentro do nosso ventre enquanto seu d
Lee esperou que eu terminasse de comer e ele até tentou disfarçar sua impaciência, mas seus olhos o traíam constantemente me mostrando sua ansiedade. Enquanto eu saboreava cada mordida, ele agitava as pernas, tornando-se vítima de minha pequena provocação. A tensão no ar era palpável, e eu não pude deixar de sorrir, prolongando ainda mais seu tormento.— Eu sei o que está fazendo — disse ele enquanto eu ria. — Não sei do que está falando. Estou apenas aproveitando minha refeição — respondi, mantendo o sorriso, mas meus olhos entregavam a travessura. Lee franziu a testa, tentando decifrar meu jogo enquanto eu mastigava. — Lana, por tudo o que é mais sagrado… — iniciou ele com um ar desesperado na voz.— Tá bom. Tá bom. — o interrompi. — Vamos então, eu nem estava com tanta fome mesmo. Cedi, divertida com a rendição repentina de Lee, e ambos rimos de forma aliviada, deixando a tensão desaparecer.Saímos do restaurante, e a alegria de Lee era evidente. Enquanto caminhávamos pela calçad
Quando nosso contato acabou e abri meus olhos, vi os orbes de Lee se deliciarem com cada detalhe do meu rosto e isso me enfureceu. Abri a mão direita em um enorme leque que se chocou contra a bochecha dele enquanto eu cobria minha boca com a mão livre. A tensão no ar era palpável enquanto nossos olhares se encontravam novamente. O impacto do meu tapa contra a bochecha de Lee ecoou no silêncio, mostrando-lhe a intensidade da minha fúria contida.— Lana...— Não, Lee! — o interrompi. Respirei fundo para poder ter meu ar de volta mesmo que a raiva quisesse me sufocar. — Você não pode achar que vai resolver todos os nossos problemas com um simples beijo. A firmeza em minha voz cortou o ar tenso entre nós. As palavras ecoaram pelo pequeno espaço, carregadas de frustração e desapontamento. Lee se colocou em silêncio constante, enquanto seu olhar parecia buscar respostas nas linhas do meu rosto.A respiração dele estava irregular, e eu via que seus olhos buscavam as palavras certas para q
Os gestos de Júlia durante sua conversa com Lee, eram capturados pela transparência da janela de vidro que formavam uma discussão silenciosa. A curiosidade me impelia a decifrar o que estava sendo dito naquele escritório, enquanto a tensão no ar sugeria que a reunião não era apenas uma formalidade rotineira.Cada movimento, cada expressão, traçava linhas invisíveis de qualquer coisa que escapavam à minha audição, mas que, de alguma forma, ecoavam em minha percepção. O escritório, antes um espaço familiar, transformava-se em um palco de intriga, com a conversa entre eles evocando questionamentos que se multiplicavam em minha mente.Enquanto a situação ia além, a sensação de estar à margem de algo crucial me envolvia. E tudo o que eu tinha era uma janela de vidro, em seu papel de silenciosa, como minha a única fronteira entre o que era dito naquele escritório e minha necessidade incessante de saber.A troca de olhares entre Lee e eu através do vidro da sala dele criava uma briga silenci
— Gosta mesmo dele —Ana disse assim que entrei. Meus pés foram acariciados pela pequena quantidade de água que já invadia nosso apartamento e eu pensei em como iríamos tirar aquela bagunça dali. — Acho que sim — confessei. — Então porque está tentando mantê-lo distante? — questionou-me ela e tudo o que fiz foi dar de ombros. — Lana, você sabe que aquela palhaça armou aquele beijo. Sabe que ele está louco por você e tem certeza que ele não sente mais nada pela ex. Então pra que lutar?— Nada disso importa, Ana — joguei as mãos no ar em um pedido para que ela parasse de falar naquilo e peguei o rodo para começar a tirar a água que tentava criar uma piscina em nosso apartamento. — Por que não?— Porque o beijo aconteceu mesmo com todas essas coisas e ver ele beijando outra doeu como se fosse extremamente importante para mim. Ana suspirou, me observando enquanto eu tentava lidar com a água que se infiltrava pelo nosso espaço. O silêncio entre nós foi interrompido apenas pelo som da á
Estava se tornando desafiador ficar na casa de Ana. Embora tivéssemos tido muitos anos de convivência, a chegada de um bebê mudou as coisas. Antes, Ana saia e volta com seus parceiros, sem me incomodar. No entanto, a gravidez despertava o dom da queixa em mim. Já o tinha antes, mas agora me via chorona, cansada, inchada e irritada.Além dos gemidos noturnos, passei a enfrentar o barulho da obra no apartamento acima, inclusive aos sábados, pois alguém comprara os últimos andares na intuição de unificar os apartamentos. Para mim, parecia exagero, dado que o prédio originalmente tinha apartamentos únicos por andar, espaçosos o suficiente para uma família.Naquela manhã, os trabalhadores começaram cedo, às 7h30, interrompendo meu sono. A preguiça de levantar era tanta que recorri aos fones, abafando o barulho com música alta.Com a segunda-feira sendo feriado, teria três dias em casa para refletir antes de voltar à rotina de trabalho, sem a presença do senhor Jung-suk, uma boa notícia. Le
Último capítulo