Duas linhas

O som da embalagem sendo rasgada ecoou como um trovão dentro do quarto, um estalo seco que pareceu atravessar o ar parado. Não havia música, não havia vento, não havia qualquer ruído lá fora — e, por isso, aquele som mínimo parecia gigantesco, como se cada fibra de Abigail tivesse registrado o instante com um peso quase insuportável.

Luiza estava a poucos passos dela, observando cada movimento. Não tinha pressa, mas havia um nó no seu estômago. Abigail estava sentada na beira da cama, curvada para a frente, os dedos magros apertando o teste de farmácia como se ele tivesse peso real, como se pudesse afundar no colchão se ela relaxasse a pressão. Seus olhos, duros e fixos, evitavam os de Luiza. Miravam um ponto no chão — talvez para não encarar, talvez para tentar segurar as lágrimas antes que viessem.

— Você não precisa fazer se não quiser — disse Luiza, e a própria voz soou mais baixa do que o normal, como se temesse que um tom mais alto pudesse quebrar algo dentro de Abigail. Ela se
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