Otávia passou anos em um relacionamento tóxico, perdeu seus pais e ficou sob o domínio de seu marido, que a roubou e a deixou à beira da falência. Cheia de dívidas e solitária, ela não viu outra opção a não ser vender parte de suas terras para um vizinho oportunista. No entanto, um novo capataz, misterioso e altamente qualificado, começou a ajudá-la além de suas obrigações, conquistando seu afeto e amparando-a no momento mais difícil de sua vida, sem pedir nada em troca. Será que, ao descobrir o passado secreto dele, ela conseguirá retribuir todo esse apoio?
Leer másEra quase fim de semana e os poucos funcionários da fazenda coronel bento, estavam correndo com os preparativos para os patrões irem ao evento country mais esperado do ano, a festa do peão de boiadeiro em Barretos, um super evento para amantes de músicas sertanejas, exposições agropecuárias, competições de rodeio e tudo relacionado.
Otávia a patroa e herdeira de tudo, sempre participou e dessa vez nem queria ir, estava muito desanimada, enfrentando mais uma tentativa falha de engravidar, se sentindo como uma mulher que não merecia a benção de ser mãe, sempre se culpava muito por isso, e seu marido a cobrava demais, sem ter empatia pela situação. Ele a deixou extremamente frustrada a semana toda, com comentários sobre ela estar ficando velha para ser mãe, só porque já passava dos trinta e cinco anos. Ela não era capaz de se impor e o confrontar, sempre que parecia estar errada, já ia se desculpando, tentando amenizar qualquer atrito, mas dessa vez não adiantou, ele estava irredutível, ainda a ofendeu por não estar grávida, dizendo que não era justo, perder sua juventude com uma esposa, que não lhe dava filhos. No dia de irem viajar, para a festa, ele a fez ficar e decidiu ir sozinho, garantiu que não precisava dela lá, após mais uma briga, ele arrumou a mala, para ir ficar quatro dias fora e além de a deixar faxinando a fazenda, disse que estava cansado de ter uma mulher frígida e seca, que não o surpreendia na cama. Completamente arrasada se culpando por tudo, Otávia concordou em ficar, estava bolando um plano para melhorar o casamento, tinha ido buscar um tratamento com um especialista em fertilidade a algumas semanas, fez tudo escondida e não contou a Matteo. Querendo o surpreender foi atrás dele, sem o avisar, ela sabia em que hotel ele estaria, só queria fazer uma surpresa romântica, quando estava perto da recepção carregando o celular, para falar com ele e avisar, o viu passando com a advogada da família, Emily, uma mulher vulgar ambiciosa que adorava ostentar uma vida de luxo nas redes sociais. Completamente sem reação, Otávia ficou lá sem ser vista, não queria acreditar que estava sendo traída, tentou se convencer de que era uma coincidência, afinal só estavam caminhando juntos, e pegando o elevador. Logo o celular deu carga e ela acessou a reserva no hotel, pode subir e ir até o quarto, até o último segundo, tinha certeza de que era só um mal entendido, mas quando entrou no quarto sorrateiramente, viu algo que dilacerou seu coração. Matteo seu grande amor e marido, estava na cama com Emily, emaranhados em uma loucura frenética e escandalosa, quando a porta bateu, ambos se assustaram, correndo se esconder entre os lençóis e travesseiros, Otávia começou chorar aos prantos, não sabia o que fazer, partiu para cima de Emily, batendo nela com a bolsa, jogou até a mala em cima. Como se estivesse na razão, Matteo a afastou sendo muito grosso, a empurrou em direção a saída, dizendo que depois iriam conversar, ele não queria ser exposto e passar vergonha, disse que queria o divórcio e já ia falar tudo após a festa. Emily correu se trancar no banheiro, Matteo se vestiu levando bolsadas, se irritou dizendo que ia ficar com a mãe do filho dele, gritou alterado dizendo que aquele casamento, estava acabado a muito tempo, porque Otávia nunca o ajudou realizar seu maior sonho, enquanto Emily conseguiu e rápido, ela estava grávida. Perplexa Otávia saiu do hotel cega de raiva, decepcionada, foi buscar os animais na festa e atrapalhar os planos de Matteo, ele tinha negócios marcados, ia vender e até competir. Ela tinha as informações de tudo, as credenciais, começou discutir com um segurança que estava duvidando das intenções dela, não viu nenhum funcionário conhecido, virou uma fera, porque deveria ter algum lá, cuidando de seus animais. Estava tão brava revoltada, que nem conseguia pensar direito, arrumou uma briga digna de novelas com o responsável pelas baías dos equinos, ignorando os avisos dele, foi pular a cerca de proteção, para pegar um cavalo, se desequilibrou e caiu, a iluminação lá não era boa e por sorte, quase não tinham pessoas ainda. Um de seus funcionários estava a observando a algum tempo, achando tudo estranho e divertido, correu ajudar, amparando - Oooo patroa, cuidado! Sou o Ramiro, o novo capataz da fazenda, o que aconteceu? Machucou? Ela mal olhou pra ele, foi indo verificando os animais - Vamos embora agora! Você, eu e eles. - Vai buscar o carro, anda logo, se precisar peça ajuda a qualquer homem aí, diga que vou dar cinquenta, cem reais. - E nem pense em ligar para o Matteo, a patroa sou eu. Se aproximou descompensada - Me dá seu celular, anda, vai logo. A dona de tudo, sou eu! Está me ouvindo? Ramiro entregou o celular, foi fazer o que ela pediu, em meia hora estavam com os animais nos transportes, indo para a fazenda, ele percebeu que ela estava transtornada, até lhe comprou uma água, sugeriu que esperassem um pouco, para pegarem a estrada, ela quase não o respondeu, deu ordem como podia e mostrou que era a patroa, se impondo como uma mulher forte. Deixou o Matteo sem o carro e desesperado, ele ligou muitas vezes, nem pensou que ela iria tomar uma atitude tão drástica, demorou pouco para ir embora atrás dela. Ela já tinha chego e estava jogando as coisas dele no quintal, roupas e calçados de marca, molhou tudo com as bebidas destiladas importadas dele, na intenção de atear fogo.Quando saíram para fora, não teve como não ver, Miro estava uma carroça do outro lado da rua, um modelo simples coberto de flores e arranjos, toda enfeitada, Roxana estava nela, com a crina toda trançada com muitas flores também, as patas enfaixadas tudo combinando as cores. Ele estava vestido a caráter, camisa country, calça jeans, botas e chapéu, tinham mais de vinte cavalos, a cidade toda parou com o evento, sem entender o que era, quando ele a viu saindo, se levantou, colocaram música alta em uma caixa de som " Cê que sabe amor - Cristiano Araújo ", ela ficou olhando surpresa paralisada, ele começou a falar em um microfone, olhando na direção dela - Bom dia, pra todo mundo aí. Cês me desculpa a bagunça! - Olha não sou muito bom com as palavras não, mas sou bom de sentir as coisas. - Tem uma pessoa aqui, que eu gosto demais sabe, não sei se ela ainda quer ficar comigo. - Mais eu quero ficar com ela, sou doido por essa leoa brava, que me mudou demais. - Eu durmo e acord
Foi até sua casa a procurar, levou várias caixas do chocolate preferido dela de presente, chegou entrando como de costume, o carro dela estava na garagem, a encontrou no sofá de pijama, e já passava da hora do almoço, jogou as caixas no sofá perto dela - Porque você não me atende mais, minha linda? Ficou com aquele olhar de deboche, ela continuou assistindo séria - Aprendi com você! Ele se sentou perto, na beirada do sofá - É sou bom nisso. Você sabe que eu não queria dizer aquilo, sem a minha linda, nada funciona. Começou mexer no celular - Eu não consigo comprar um presente direito, olha aqui. Mostrou pesquisas sobre joias, anéis e pulseiras, viu que dessa vez era grave, se deitou em cima dela, abraçando - Fiquei nervoso, só quero fazer a coisa certa com todas as mulheres da minha vida. - Amélia só me encontrou pra contar da Otávia, eu não sei o que pensar. - Porque ela não me contou nada, e se for de outra pessoa, nunca se sabe. Melinda aumentou a televisão -
Quando amanheceu ele mexeu com ela, pegando no pé, por cima do lençol, disse que ia pegar o carro com o guincho e logo voltava, buscá-la, Amélia só concordou, esperou ele sair, ligou para o avô contando o que aconteceu, recebeu alta antes de Miro voltar e mesmo indisposta, preferiu sair sozinha, foi de uber até outro hospital, mandou o endereço para o avô ir buscá-la, mandou uma mensagem para Miro no perfil fake " Odeio despedidas e já fiz o que queria, espero que possa me perdoar um dia, pelo tanto que prejudiquei vocês. Obrigada por ter passado a noite comigo, vai atrás da sua felicidade agora enquanto é tempo. Boa sorte!! Quando eu encontrar o meu vô, te mando o endereço de onde é pra levar o carro. " Miro estava chegando de volta no hospital, para encontrar Melinda, entrou para procurar Amélia, ficou confuso, com a sensação de impotência, achou que ia se aproximar dela e não entendeu, o que ela fez. Respondeu perguntando a onde ela estava, pediu para conversarem pessoalmente
Amélia tinha birra dela, só de saber que era considerada filha do Miro, enquanto ele nunca nem a viu, tentou pegar o celular - Vai você procurar ela, tá com tempo livre mesmo. Melinda jogou no gramado rindo - Eu mesma guardo o meu cavalo. Foi indo para o carro, Otávia estava se aproximando com Henri, ficou tensa de ver que tinham chego, Amélia ficou furiosa, nem viu eles, estava olhando Melinda ir para o carro, correu na frente e tirou a chave do contato - Você não ouviu, que precisa esperar? Melinda tentou pegar, quando Amélia jogou a chave no chão provocando, levou um puxão de cabelo, as duas começaram a brigar, se ofendendo, saíram no tapa, caíram no chão grudadas, Henri correu para separar, o marido de Melinda ajudou, Otávia também, perguntou o que tinha acontecido, Melinda falou alterada - Essa menina mal educada, que não respeita nada nem ninguém. Amélia retrucou - Pega a sua arrogância e enfia bem no meio do seu... Melinda partiu para cima dela de novo, dizendo
Otávia ficou sem jeito - Sim! Quer? Tem iogurte e leite, comprei ontem. Amélia pegou um copo e se serviu - Demorou demais na cidade, se arrumou muito e levou aquela sua pasta, preta e azul marinho. - Que levava no médico, não é? - Desde que eu cheguei, só te vejo tomando esse suco azedo, não toma mais café, nem bebida alcoólica. - Já comeu lanche de churrasco três vezes e eu... Otávia ficou séria - Não é o que está pensando. Eu não sabia até semana passada, achei que estava ficando louca. - Eu não quero nada com isso, aconteceu sem querer, eu achava que nem era possível. - Tenho certeza que a Melinda vai achar que foi um golpe, pra tirar dinheiro dele. Amélia ficou olhando com deboche - Não estou achando nada. Por mim, que tirem até as cuecas dele! - Não quero nada, ele foi meu genitor, só isso. - Ops, isso você realmente tirou, porque tem tanto medo do que essa desquerida vai pensar? - Você ficou com ele, sem saber de nada, vivia se agarrando as escondidas.
Ela parou na frente dele, de braços cruzados - Não é nada disso Ramiro! Ele foi desviando para ir na direção da piscina, com deboche - Ah não Otávia? Então me leva lá, conhecer os seus amigos! - Melhorou bem da virose, da dor de cabeça e de dente. Ela o segurou pelo braço - Está bêbado? O que quer? Ele parou de costas para os outros e de frente para ela - Não bebi nada, antes de falar o que eu vim fazer, queria te perguntar o mesmo. - O que quer? Ela levantou os ombros emotiva - Nada. Só vai embora e amanhã, quando todo mundo for embora, se quiser a gente conversa. Ele foi chegando mais perto - Não! Quero conversar agora. - Se não me falar, porque está tão diferente comigo, vou pensar sozinho. Pegou no cabelo dela, ia acariciar o rosto, ela se esquivou - Pode falar, estou ouvindo. Ele tirou o chapéu, colocou nela - Acho que está com medo, de como as coisas podem ficar, entre nós. - Porque desde que soube da verdade, das minhas condições financeiras.
Último capítulo