Eu via a tensão sobre os ombros do príncipe Darius. A veia pulsando em sua testa...
O dragão tirou os óculos escuros e me encarou com seus olhos de fogo. Seus cílios eram grandes e curvados. Seu olhar era semelhante a uma pedra Cornalina e ele me avaliou dos pés a cabeça como se eu fosse um inseto. Seus lábios se curvaram em um leve sorriso cínico enquanto a assembleia explodia em críticas e insultos contra mim. “Ela é a escolhida para o príncipe?” “Ela é uma escrava imunda e feia!” “Como ela ousa recusá-lo?” As vozes se tornavam cada vez mais altas. — Você está me rejeitando? — sua voz era cortante. Eu sentia minha loba se encolhendo de dor dentro de mim. Seus pensamentos confusos e contrários aos meus. Darius cruzou os braços sobre o peito forte e se moveu mais rápido do que eu poderia imaginar. Sua mão se fechou na corda do chicote da Luna Isis que estava prestes a aceitar o meu rosto. Arfei, surpresa. — O que caralhos está fazendo? — o Shifter rugiu para a Luna e puxou o chicote. A Luna Isis foi jogada ao chão com o puxão do chicote. O Alfa Thorne se impulsionou para frente para tentar proteger sua Luna, mas os lobos guerreiros do príncipe se opuseram contra ele. Apontando suas armas com balas de prata e suas facas. — Me perdoe, meu príncipe. Ela o insultou! É uma escrava imunda! Eu ia puni-la por ousar acreditar que está em seu poder rejeitá-lo.— a Luna se justificou de joelhos e percebi que era a primeira vez que eu a olhava de cima. Darius levantou uma mão quando os murmúrios voltaram a explodir. Todos se calaram. — Puni-la? Ela não pertence a você para isso. Ela pertence a mim. Leve-a para o quarto reservado a mim na casa da alcateia. E se a machucar, eu machucarei você. Com essas palavras, o príncipe Dragão se virou sendo conduzido por seus guerreiros para fora da assembleia. Segurei a mão de Nico, mas segundos depois ele foi arrancado de mim enquanto os lobos da alcateia por ordem da Luna me arrastaram para fora. — Não... Nico! — gritei a tempo de ver Sisi o segurando. Fui arrastada para a casa da alcateia, o vento noturno bateu contra o meu rosto, enquanto um trovão retumbou. Eu não via a Luna em lugar nenhum, as lobas me arrastaram para o segundo andar e fui obrigada a me banhar. Sendo esfregada e puxada até que minha pele ardesse. Vestida com seda branca, perfumada com óleos especiais. Eu me sentia repulsiva, porque estava sendo preparada para me deitar com o príncipe que matou meus e me condenou a escravidão. — Como uma escrava pode ser a escolhida? — Sara, uma loba que era responsável pelos cuidados de beleza da Luna se perguntou. Seu olhar para mim era de desprezo assim como todas as lobas ao redor que penteavam o meu cabelo, limpavam as minhas unhas. — Ela pode ficar um mês na banheira de óleos que não tirará o cheio de merda dela. — Ângela cuspiu as palavras e de modo proposital, enfiou o alicate em minha carne. Puxei a mão quando o sangue pingou e a dor me fez recuar. Rangi os dentes. — Já chega! — gritei. As três lobas me encararam e a primeira a reagir foi Ângela. — Como você ousa gritar conosco?— ela rebateu e levantou a mão para me a acertar, mas Karen e Sara a seguraram. — Não pode machucá-la. Você não ouviu o príncipe Dragão? — Karen disse e Sara concordou. — Eu preciso ver meu irmão...— falei, mas as lobas apenas me ignoraram e fui novamente arrastada por elas. Elas me conduziram pelo corredor, o vestido branco de seda era longo e arrastava pelo chão de madeira recém limpo. Eu passara o dia esfregando aquele chão e agora estava sendo conduzida por ele até o príncipe Dragão. Darius estava acomodado no maior quarto da casa da alcateia, um quarto que era reservado para convidados ilustres. Sara bateu timidamente na porta e uma voz imponente soou. — Entre. A loba abriu a porta e me obrigou a entrar, fechando-a em seguida. Darius estava sentado em uma poltrona acolchoada cor de vinho, ele usava apenas uma calça preta de couro. Seus cabelos negros e ondulados cobriam o seu rosto triangular, ele possuía cachos sedosos e brilhantes. Seu peitoral musculoso estava à mostra, seus braços grandes e fortes. Ele usava seus óculos escuros, mas os tirou ao me ver entrar. Ele não costumava fazer muitas aparições, mas todos conheciam seu rosto. Um rosto que eu odiava. Darius segurava uma taça de vinho, bebendo devagar. — Está paralisada. Tem medo de mim, fêmea? Acha que vou machucá-la?— sua voz era grave e despertou minha loba Nyra, que o desejava. Desviei o olhar para a pequena mesa no canto esquerdo do quarto. Parecia que haviam servido toda a comida da casa para o príncipe assassino. De repente meu estômago roncou. Eu não havia comido nada o dia todo. — Melhor você comer, estou com bastante energia essa noite. Talvez eu faça um bebê. — ele disse em tom malicioso. Seu olhar de ardente se fixou em meu corpo e eu tive o instinto de me cobrir com as mãos. Darius sorriu e seus olhos brilharam um vermelho Maia intenso, quase como se pegassem fogo. — Que belo sinal você tem um pouco abaixo do seio esquerdo. Bem...aqui. — ele disse e apontou para o próprio corpo, seu dedo parou exatamente abaixo de seu peito. Onde em meu corpo, eu possuía um sinal redondo. Abri a boca chocada e tive a reação de me cobrir mais com as mãos. Darius Evehart passou as mãos nos cabelos e disse em tom malicioso: — Não se preocupe em se cobrir, fêmea. Eu tenho olhos de Dragão, posso ver através de paredes...e roupas. Respirei fundo e odiei a forma como ele sorria como se fosse um predador e eu uma presa. — Nesse caso, prefiro não comer. E sobre fazer bebês, se tentar me tocar, eu arranco o seu instrumento com os dentes.— rebati. Darius parou de beber o vinho e ficou imóvel na poltrona. Sua expressão era enigmática e eu podia sentir sua aura perigosa. O príncipe ficou sério de repente. Ele respirou fundo e se recostou mais na poltrona. Eu vi um leve sorriso em seus lábios e odiei a forma como ele parecia ignorar a minha recusa. — Por que você me recusa, fêmea? Você é uma escrava que foi abençoada pela deusa com um destino de princesa ao meu lado... E tentou me recusar antes e agora. Sabe que não pode fazer isso. — sua voz parecia desconfiada. — Nenhum de nós tem escolha aqui. Somos todos peões nos caprichos da louca deusa Selene. — ele continuou e seu tom era de ódio. Mas não parecia dirigido a mim. Engoli em seco quando o vi se levantar, caminhando em minha direção, tentei recuar, mas o macho me segurou pelo pulso. — Me solte... — exigi. Seu toque me ofendia. Seus olhos assassinos sobre mim me ofendiam e o fato do meu coração acelerar com o seu toque, me fazia me odiar. Ele era o monstro que havia destruído tudo que era importante para mim. Darius diminuiu ainda mais a distância entre nós, me virando para ele e me empurrando em direção a cama. Seu corpo pesado sobre o meu e seus olhos de Dragão sobre mim. — Me solte! Canalha! Acha que pode me ter porque é um príncipe? — rosnei para ele. Darius segurou as minhas mãos sobre a minha cabeça e seu rosto ficou a centímetros do meu. O macho olhou para os meus lábios. — Porque sou um príncipe? Não. Mas porque sinto o aroma de sua excitação, fêmea. Não pode esconder seu desejo de mim, mesmo que seus lábios gritem o contrário. Canalha... Demônio de olhos de fogo. Porque ele tinha que ser tão malditamente sensual?