Narrado por Giovavi Ferreti:
Eu a levei para o hotel.
Precisava tirá-la daquele apartamento, daquele espaço impregnado do cheiro podre das intenções da minha mãe. Queria lhe dar um pouco de paz — ou talvez aliviar a dor que vi em seus olhos assim que a encontrei.
Mas era inútil.
Eu sentia a tensão em cada músculo do corpo dela.
Antonella se manteve calada, me olhava como quem engole um grito. Como quem quer confiar, mas ainda está à beira do precipício.
E eu sentia.
Sentia o medo, a confusão, o peso de algo que ela ainda não dizia.
A cada vez que seus olhos me atravessavam em silêncio, uma parte de mim queria protegê-la do mundo — e a outra queria arrancar dela tudo o que estava escondendo.
— Não se preocupe, amore mio... — tentei acalmá-la. — Aquele infeliz nunca mais vai tocar em você. Nem em ninguém.
Ela balançou a cabeça.
— Não é isso... — a voz saiu baixa, quase sem força. — Ele só... fez o que sua mãe mandou. Giovani, ela não sabe que eu me entreguei a você.
Trinquei os dentes.