Narrado por Giovani Ferreti
As palavras de Antonella martelavam na minha cabeça, como se cada sílaba fosse uma peça fora do encaixe. Detalhes soltos que não me davam certezas, mas também não me deixavam em paz.
Eu me lembrava muito bem do que ouvi atrás daquela porta. Do tom doce, cúmplice, das risadas abafadas. O pai dela e a minha mãe pareciam tudo... menos dois adultos em atrito.
Inclinei a cabeça, falando pra mim mesmo.
— Não tem... algo não tá batendo.
Levantei os olhos, e ela ainda me encarava. Aqueles olhos cheios de dúvida. Cheios de perguntas que ela nunca deveria ter feito.
— Então não eram viagens? — perguntou. — É isso que você quer me dizer?
Ela franziu o cenho, confusa.
— Que viagens? Do que está falando?
O silêncio dela me respondeu antes das palavras. Engoliu em seco. Era nítido que algo ali dentro dela começava a desmoronar.
— Eu sempre achei estranho — murmurou, mais pra si do que pra mim —, que um menino com a sua idade tivesse viajado tanto. China, Capadócia, o rai