Narrado por Giovani Ferreti:
A noite ainda se espreguiçava no céu quando atravessei os portões da mansão Ferreti. As luzes da fachada iluminavam a imensidão de mármore branco como se anunciassem minha chegada ao inferno que me viu nascer.
O portão se abriu com lentidão e reverência. Uma fileira de homens alinhados me esperava — todos de preto, rostos fechados, mãos ocultas nas costas. Meus homens. Meus soldados. Meus olhos e ouvidos, e ainda assim... talvez, meus algozes.
Eles não diziam nada. Apenas me observavam. Como se procurassem o menino exilado que um dia fui, ou tentassem entender o homem que havia se tornado o novo Don.
Desci do carro com calma. O casaco ainda sujo de sangue seco embaixo do terno limpo. Fiz questão de não trocar. Queria que eles vissem o que enfrentei lá fora.
Pablo Bellini foi o primeiro a se aproximar.
— Don Giovani… — disse com um leve aceno de cabeça. Havia respeito em sua voz, mas também algo áspero, contido.
— Pablo. — retribuí com um tom neutro, sem me