Narrado por Giovani Ferreti
Cheguei em casa com o corpo cansado, mas um sorriso pendurado no canto da boca. A madrugada ainda grudava na pele como perfume barato, mas meu humor estava leve. Pela primeira vez em dias, me sentia... satisfeito.
Subi os primeiros degraus da escada quando ouvi o salto familiar bater no mármore. Irina. Sempre com aquele ar de soberania silenciosa, como se carregasse o mundo nos ombros — e exigisse que todos agradecessem por isso.
— Onde você estava, Giovani? — ela perguntou com a voz cortante, sem levantar o tom. Os olhos dela eram mais exigentes que qualquer grito.
Inclinei o rosto, meio sorriso. Levei a língua entre os dentes, saboreando o gosto ainda recente da madrugada.
— Não sou mais um garoto, Irina. Sei me cuidar.
Ela desceu mais um degrau, cruzando os braços.
— Sua noiva logo estará nesta casa. Não seria bom que ela soubesse que você acabou de chegar. — Pausa. — Você é um homem, Giovani. Deveria saber disso.
Não respondi. Só deixei o sorriso morrer