Narrado por Antonella Bellini
Após alguns dias na Capital, deixei meu filho nos braços do meu pai.
Vi seus olhos se suavizarem quando Pablo resmungou com sono, apertando os dedinhos em sua camisa.
Vi a forma como ele o embalaram com orgulho silencioso — o tipo de orgulho que nunca me deu abertamente.
— Agora ele é um Bellini. — Pablo Bellini disse, olhando para mim com gravidade. — Seu filho pertence a esta família. Sob o meu nome, sob a minha proteção.
— Você precisa voltar, filha. Ainda é perigoso. Giovani te caça. A nossa casa está sendo vigiada. Ele te espera. Ele sente sua ausência como uma ferida aberta.
— E não podemos correr o risco de ele te encontrar aqui.
Engoli o choro. Beijei a testa de Pablito uma última vez, mais longa do que deveria, mais desesperada do que gostaria de admitir.
— Cuide dele, papà. Por tudo que é sagrado.
Ele assentiu.
Mas algo em seu olhar já me dizia que, dali em diante, Pablito não era mais apenas meu.
Voltar a Seattle foi como pisar em cinzas.
Nada