Narrado por Antonella Bellini
A música da orquestra ecoava abafada pelos corredores da mansão, mas eu mal ouvia qualquer nota. Meus saltos afundavam no cascalho do caminho até a estufa, enquanto meu coração batia mais alto que qualquer valsa.
O vestido vermelho se prendia às minhas pernas com o vento quente da noite. Cada passo que eu dava, mais certo era o pressentimento de que ele estaria lá. Eu não sabia o nome dele, não sabia por que estava naquela festa — nessa festa, dos Ferreti, como se fosse um deles. E mesmo assim, fui. Como se algo além da lógica me arrastasse.
Empurrei devagar a porta da estufa. O calor úmido me envolveu como um abraço. O ar estava denso, saturado com o perfume de flores noturnas. E lá estava ele.
De costas para mim. Encostado na parede de vidro, as mãos nos bolsos, como se esperasse algo... ou alguém.
— Você... — foi tudo que consegui dizer.
Ele virou devagar. Os olhos, escuros e intensos, me encontraram como se já estivessem me esperando. Ele sorriu. E o