Narrado por Giovani Ferreti:
A luz azulada da tela iluminava meu rosto. O som abafado das ruas de San Marino mal chegava até a cobertura do hotel onde Antoni havia instalado o nosso “quartel-general”. À frente de mim, quatro monitores exibiam os ângulos do restaurante La Corte — ponto nobre, fachada tradicional, mas agora, infestado por vermes de colarinho italiano.
Deixei o copo de uísque sobre a mesa, me aproximando.
— Aí estão vocês… — murmurei, como se as imagens pudessem ouvir a ironia na minha voz.
Dois homens dos Rossi. Um deles, Carmine Rossi, sentado à mesa como um pavão emperiquitado, sorrindo para o investidor espanhol que há seis meses era cliente fiel dos Ferreti. O outro, Luca DeMarco — ex-contador do nosso grupo, agora ao lado dos inimigos, rindo com o copo na mão como se não tivesse vendido segredos. Traidor.
— Esse restaurante sempre foi fachada. — Antoni disse, surgindo por trás de mim com um cigarro aceso entre os dedos. — Mas agora virou base de operação dos Rossi.