Narrado por Giovani Ferreti
O terno preto caía em mim como uma segunda pele — feito sob medida, alinhado, impecável. Desci do carro sem pressa, com a lentidão calculada de quem sabe que está sendo observado. Não precisei de guarda-costas. Nunca precisei.
Meus olhos varreram o cemitério, escuro e silencioso. A lua cheia fazia o mármore brilhar como gelo. Caminhei entre as lápides como se estivesse voltando a um campo de batalha. E talvez fosse mesmo.
Parei diante daquela que fazia meu sangue ferver.
Don Giussepe Ferreti.
Pai. Dono. Carrasco.
Não rezei. Nunca soube rezar por ele. Acendi um cigarro e deixei o fogo morder o papel devagar, até queimar meus dedos. Era assim que o tempo se sentia agora: quente, dolorido, perdido.
— Você morreu sem me pedir perdão, velho filho da puta — murmurei, deixando a fumaça escapar com amargura. — Mas tudo bem. Eu voltei. E vou tomar tudo que era meu. Até o seu trono.
Diante da lápide fria, meu corpo permaneceu imóvel… mas minha mente? Ela já não estav