Começo a despertar com uma leve carícia no rosto. A mão é macia e exala um perfume de lavanda — o mesmo aroma que senti ontem, antes de dormir. Me mexo um pouco; a mão se afasta rápido, com medo de me acordar, mas já é tarde demais.
Meus olhos se abrem aos poucos, ofuscados pela claridade suave que entra pela janela. Demoro alguns instantes para me acostumar com a vista; quando finalmente me adapto, dou de cara com ela — minha versão mais velha. Aqueles traços já me eram vagamente familiares: há tanto tempo eu os buscava em meu reflexo no espelho, tentando encontrá-los em meus pais, e nunca os via. Por dentro, eu desconfiava, mas fingia não acreditar.
— Olá — digo, depois de um tempo em que ela apenas me encara. Minha voz sai rouca, arranhada, por ainda estar entre o sono e a vigília.
Parece que isso provoca algo nela — como se sua expressão estivesse em transe até aquele instante. As lágrimas escorrem intensas, densas, carregadas de dor que se transforma em soluços. Fico assustada; n