Continuei andando, os coturnos batendo no piso do pátio, me forçando a não virar de novo pra encarar aqueles olhos que pareciam querer descobrir cada buraco que eu guardava por dentro.
E lá no fundo, soube.Aquele encontro besta tinha acabado de ferrar toda a paz que eu fingia ter.Saí andando do pátio sem olhar pra trás, mas o corpo inteiro implorava pra virar. Pra dar só mais uma olhada na certinha com cara de quem tem checklist até pra respirar. Porra. Desde quando isso me dava curiosidade?Cruzei o portão da escola e o motorista já estava encostado no meio-fio, lendo algo no celular. O carro preto parecia mais um caixão de luxo me esperando pra voltar pro mausoléu que chamam de casa.— Boa tarde, senhorita Ever — ele disse, abrindo a porta de trás pra mim.Só ergui o queixo num gesto mudo. Não tava a fim de conversa. Entrei, joguei a mochila do lado e afundei no banco de couro gelado, tentando não pensar em olhos castanhos grandes