A maldita ironia é que sei o quanto ela me deseja.
Eu pisco com as falas dele.
—Você? Se apaixonar por mim? Não. Eu não acredito. E mesmo que se apaixone, não quero acabar como minha amiga que namorou um árabe e ele escolheu a família.
Ele me olha pensativo por um tempo.
—Então o problema é novamente a minha cultura?
—Também.
—Você não vê que sou um homem independente. E sou bem diferente dos árabes que costuma ver?
—Sim, até não ser....
Ele me olha calado. Acho que dessa vez eu disse as palavras certas que o calaram.
Num esforço supremo, resistindo à tentação de me atirar nos braços dele, eu me afasto dele e faço questão de pegar o maço de dinheiro e contar nota por nota. Ele me pagou bem mais que o acordado.
Deixo o que está em excesso e com o coração agitado e as pernas bambas eu vou em direção ao banheiro.
Quando fecho a porta eu me encosto a ela.
Deus! Porque não me sinto vitoriosa em afastá-lo de mim. Lembro-me de suas palavras: "Se fosse inteligente, faria com que eu me apaixonasse também..."
Com um suspiro desanimado guard