Capítulo 102. O namorado que não existe
— Um namorado? De mentira? — encarei Fernanda, sem acreditar que aquelas palavras tinham saído da boca dela. Eu achava que esse tipo de coisa só existia em filmes, não na vida real.
— Não é de mentira... exatamente — ela rebateu, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Nós nos conhecemos há algum tempo, já ficamos algumas vezes, nada demais. Mas ele é médico, pediatra, um ótimo partido! Melhor ainda, trabalha em São Paulo. Podemos marcar alguns jantares e pronto, minha mãe vai ficar feliz.
— Você está falando sério mesmo? — perguntei, quase rindo mas me segurando.
— Estou. Você não imagina, dia sim, dia não, minha mãe insiste no assunto. Ela anda deprimida, acha que vai me deixar sozinha quando... — sua voz falhou, mas logo retomou, firme — mesmo eu dizendo que estou bem e não quero ninguém agora.
Fernanda tinha convicção no olhar. Era mais nova que Eduardo, mas já tinha 33 anos. Eu me surpreendia com a serenidade dela diante de um plano tão frágil.
— Nunca houve ninguém espe