- Eu disse para não fazer nada. – percebo a presença de Camille e da outra moça atrás de mim, me viro. – Comprar a boate se enquadra nessa condição. – ela ergue a cabeça, os olhos demonstrando a tempestade que continha dentro de si.
- Vocês estão bem? – analiso as duas mulheres, minha atenção redobrada na moça a minha frente. – Não podia deixar que ele agisse assim com você... – minha mente registra a última palavra com urgência. – Vocês. – corrijo.
- Tire o resto da noite de folga. – sua voz sai carinhosa e cheia de atenção para a moça que permanecia escondida atrás de si. – Eu cubro seu turno. – agradecida a moça acena com a cabeça e sai apressada. – Não gosto da ideia de trabalhar para você. – os olhos azuis voltam para mim, a cabeça levantada mostrava que aquela mulher não se assustava com qualquer coisa.
- Achei melhor não comentar. – aos poucos a confusão ao nosso redor diminuía.
- Não confunda as coisas só porque sou amiga da sua irmã.
- Sou um homem de negócios, sei separar a vida pessoal da profissional. – dou um passo na sua direção, vejo seus músculos ficarem tensos. – Você que não deve confundir a nossa relação. – passo por ela e volto para minha mesa.
“Aquele filho da mãe.” - bato no volante com força tentando aliviar minha raiva. -“Quem ele pensa que é para falar assim comigo?” - o olhar superior e arrogante de Andrea Mancini faz meu rosto esquentar de ódio. - “Se não fosse pela boate cheia, eu teria acabado com aquele riquinho soberbo.” - dou um grito e bato outra vez no volante, os vidros do carro ficando embaçados, do lado de fora o vento gelado fazia com que todos andassem apressados para fugir do frio.
- Até parece que eu ia ter algum sentimento por ele. – as palavras duras e indiferentes ecoam na minha mente.
“Você que não deve confundir a nossa relação.”
- Por que eu confundiria nossa “relação”? Nem temos uma relação. – digo indignada.
Respiro fundo antes de sair do veículo, precisava me manter calma para evitar perguntas curiosas da minha colega de quarto. Abro a porta do apartamento sendo recebida pela escuridão.
- Mel. – chamo, minha voz ganhando força no lugar vazio. – Mel. – pergunto novamente indo até seu quarto, talvez ela já estivesse dormindo, o cômodo também estava vazio. – Será que ela saiu? – pergunto para mim mesma, pego o telefone para verificar se havia mensagens ou ligações não atendidas. – Droga, esta sem bateria. – coloco no bolso e volto para a sala.
- Finalmente você chegou, já estava começando a ficar entediada. – meu sangue gela ao reconhecer a voz afiada. – A casa já estava vazia quando cheguei. – a mulher acena despreocupada para a casa.
- Dominique.
- Olá priminha. – ela me dá um sorriso afiado.
- O que veio fazer aqui? – mantenho o contado visual com os olhos negros, o corpo magro preso nas roupas escuras grudadas a pele clara.
- Fazer uma visitinha. – ela se levanta e alonga o corpo como um gato. – Senti falta dos nossos joguinhos. – os olhos brilham gélidos e afiados antes que ela salte sobre mim.