Maitê Moreli
Demoraram tanto tempo para me contar a verdade… talvez porque acreditassem que eu ficaria chateada, magoada, com raiva da minha verdadeira mãe. Mas como poderiam pensar isso? Ela era apenas uma criança quando me trouxe ao mundo. Por que eu a culparia por algo que nunca esteve em suas mãos? Ainda mais se havia sido abusada.
A verdade não me causava ódio, apenas despertava em mim um único impulso: encontrá-la. E foi por isso que vim até o bangalô, determinada a encarar esse momento que parecia inevitável.
A noite estava abafada, para o clima pioneiro de New Haven. O vento fazia as cortinas de renda balançarem suavemente, como se me guiassem para o encontro que mudaria minha vida. O som do meu sapato na grama parecia marcar cada passo que eu dava até a porta de madeira onde ficava o bangalô.
Respirei fundo e bati. Uma batida hesitante, seguida de silêncio. Depois, outra, mais firme, como se fosse uma ordem para o destino se cumprir. A maçaneta girou. Entrei.
Ela estava lá. S