08 – UMA HUMANA ENTRE LOBOS

POV: AIDEN

“Ela tem um cheiro bom.” Meu lobo ergueu o focinho, analisando a humana de olhos acobreados que me fitava como se quisesse me atravessar com o olhar.

“Gosto da forma como ela nos encara, como se quisesse nos matar.”

— Se você esteve com o colar o tempo todo, por que fingiu não saber quem eu sou? — Sua voz elevou, mesmo com a respiração acelerada. O queixo erguido, a raiva escorrendo pelos olhos. — Por que me sequestrou? Do que se trata essa dívida com o meu pai?

— Tantas perguntas de uma vez... — Dei de ombros, passando os dedos devagar pelo seu braço, só para ver a forma como ela endurecia ao meu toque. — Isso não importa. O que importa é que, agora, você está sob os meus domínios.

— Quem diabos é você de verdade?! — Haphel me empurrou, os olhos queimando raiva e confusão.

Um rosnado escapou da minha garganta, baixo, carregado de aviso. Os olhos dela se arregalaram, mas ela não recuou.

— O que você é, Aiden?

Sorri de canto, mostrando as presas, e inclinei o corpo até sentir o dela pressionado contra a parede.

— Não se preocupe, raposinha. Vai descobrir em breve. — Arqueei uma sobrancelha, sem esconder o tom de arrogância. — E vamos passar muito tempo juntos, goste você ou não.

Me afastei devagar, sentindo uma fisgada estranha percorrer meu corpo. Tirei a mão da pele quente dela antes que algo em mim saísse do controle. Caminhei até a cadeira e me sentei, puxando uma pasta e a empurrando sobre a mesa.

Haphel me olhava confusa, o cenho franzido e a respiração pesada.

— Como assim, passaremos muito tempo juntos? — Ela exclamou, incredulidade.

Avançou dois passos, pegando o documento e abrindo as folhas com pressa. Seus olhos se arregalaram.

— Essas fotos... — Virou uma página, o rosto corando. — Na faculdade... na reserva... — Olhou para mim, furiosa. — Você estava me seguindo? Por acaso é algum tipo de perseguidor?

Cruzei os braços, analisando cada reação dela, lento, proposital.

— Estava investigando você, Haphel. — Minha voz saiu controlada, quase preguiçosa. — Te conhecendo melhor.

— Como você conseguiu isso? — Ela ergueu a foto bem na minha frente, os olhos em chamas. — Isso é invasão de privacidade! Que tipo de pervertido você é, Aiden?

— Se não queria ser observada, não deveria nadar com roupas tão... generosas. — Respondi, encostando no encosto da cadeira com calma. — Especialmente em um rio aberto.

Ela travou. O rosto corou de raiva. Apertou os dedos na foto amassando e jogando sobre a mesa.

— Você não tem este direito!

— A culpa não é minha se você tem o péssimo hábito de atrair atenção ou predadores. — Cruzei os braços, mantendo o tom neutro, divertido. — Mas isso não vem ao caso, Haphel, temos assuntos a serem tratados.

— Eu não tenho nada a tratar com você. — Haphel se virou, a raiva estampada no rosto. — Foi um erro da minha mãe confiar em um homem estranho como você.

“Ela ousa nos rejeitar.” Rugiu meu lobo feroz.

Meus olhos escureceram no mesmo instante. Em um único movimento, alcancei a porta, empurrando-a com força e fechando-a atrás dela. Fiquei tão próximo de suas costas que senti o corpo dela enrijecer. Ela respirou fundo, mas não se moveu.

— Cuidado com as palavras, raposinha. — Murmurei perto de seu ouvido, a voz baixa, carregada de ameaça e provocação. — Eu não sou o tipo de homem que você pode simplesmente dar as costas.

O corpo dela tremeu levemente. Um arrepio? Talvez medo. Talvez outra coisa. O aroma adocicou, me atingindo, o medo misturado a algo mais... instigante demais para uma fêmea soltar tão perto de alguém como eu.

— Como você se aproximou tão rápido? — Ela se virou lentamente, encontrando meus olhos. — Por que não posso ir embora?

— Vamos deixar as coisas claras, Haphel. — Rosnei, minha voz carregada de autoridade. Dei alguns passos para trás, sentindo a mudança atravessar meu corpo enquanto me transformava em lobo.

Ela gritou, assustada, caindo sentada no chão, os olhos arregalados e as mãos trêmulas. Tentou se encolher contra a porta como se isso fosse suficiente para me afastar.

— Você... virou um...um — gaguejou nervosa.

Dei passadas pesadas em direção a ela, o rosnado saiu grave, impiedoso, forçando-a a prender a respiração.

— Você não tem para onde ir. — Minha voz ecoou direto em sua mente, firme, inquestionável. — Nem para quem voltar.

Rosnei outra vez, cruel.

— Sou um Alfa de palavra, Haphel. — Raspei as garras no chão, próximo o bastante para vê-la estremecer. — Com uma dívida indesejada. E vou te manter segura. Mas...

Coloquei os caninos à mostra, rosnando alto, cada som carregado de ameaça. Ela me encarou, chocada, puxando as pernas para trás, desesperada para alcançar a maçaneta da porta.

— Como... como isso é possível? — gaguejou, a voz trêmula. — Que tipo de monstro você é? Lobos não falam!

Parei a poucos centímetros de seu corpo, ainda em minha forma lupina, a impondo com minha presença maior e mais pesada que a dela. Voltei à forma humana em um piscar de olhos, observando sua expressão ficar pálida. Ela estava travada, confusa, mas ainda assim me encarava.

Estendi a mão em sua direção, mantendo a postura firme e ereta.

— Posso manter minha palavra de duas formas, Haphel. — Inclinei a cabeça, arqueando uma sobrancelha, o olhar fixo nela. — Ou te mantenho segura em uma cela, como minha prisioneira, ou você se comporta, senta e escuta o que tenho para te propor. — Apertei os olhos, o tom baixo e firme. — O que vai ser, raposinha?

— Eu... eu... — Ela respirou fundo, a voz tremendo, e balançou a cabeça, confusa. — Acho que enlouqueci. Isso não pode estar acontecendo. Um homem que se transforma em lobo? Uma fera... falando?

Haphel começou a rir, descrente, passando as mãos pelos cabelos enquanto me observava. O riso morreu aos poucos quando percebeu que meu semblante continuava sério.

— Isso não é real, né? — Ela limpou a garganta, tentando retomar o controle. — Tá, certo... digamos que eu acredite que você é um tipo de... lobisomem? É isso que você é? — Ela me encarou, como se esperasse uma resposta impossível. — Como minha mãe te conheceu? E por que você deve algo aos meus pais?

Haphel avançou um passo, ficando tão perto que pude sentir o calor de sua respiração entrecortada. Seu olhar acobreado estavam afiados cravados nos meus, o queixo erguido mostrava que ela não tinha a menor noção do quanto eu era perigoso.

— Que tipo de proposta um monstro como você teria para uma humana como eu? — Ela perguntou, o tom carregado de ironia. — Será que está precisando de uma veterinária para o seu lobo, Sr. Belmont?

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App