Mundo de ficçãoIniciar sessãoPOV: HAPHEL
Dei um passo para trás, instintivamente cobrindo a frente do corpo com as mãos ao perceber que estava usando uma camisola curta demais, com um decote em V que deixava minha pele exposta e abraçava meu quadril. A fenda lateral subia perigosamente pelas coxas, e o comprimento mal alcançava meus joelhos.
— O que... onde estão as minhas roupas? — A voz saiu alta e nervosa, enquanto meus olhos arregalados buscavam algo ao redor. Encarei os olhares curiosos dos outros no ambiente, depois voltei para ele, indignada. — Você me trocou?
Tampei a boca com uma das mãos, tomada pelo choque, e dei um passo à frente, a respiração acelerada.
— Se aproveitou de mim enquanto eu estava dormindo? — Perguntei em um tom baixo, desconfiada, sentindo meu rosto esquentar.
— Era isso que você queria que eu tivesse feito? — Ele rebateu sem hesitar, os olhos dourados cintilando com uma ousadia provocadora que me deixou momentaneamente sem fala. Abri a boca para retrucar, mas nenhuma palavra saiu.
Ele bufou, a expressão mudando para algo mais impaciente, e um rosnado hostil escapou de sua garganta:
— Saiam todos. A reunião acabou!
O som da ordem foi seco e cortante. Em silêncio, todos começaram a deixar a sala, e senti os olhares pesando sobre mim, mas os ignorei. Cruzei os braços na frente do corpo e dei um passo firme, ficando rente à mesa.
Ele se sentou com calma, como se nada tivesse acontecido, os olhos grudados em mim, uma sobrancelha arqueada em pura provocação. Quando ficamos sozinhos, soltei um suspiro pesado, tentando me recompor.
— Eu não... não disse isso! — Disparei nervosa, sentindo minha voz subir mais do que eu queria. — Você não respondeu às minhas perguntas.
— Você faz perguntas demais, é muito tagarela. — Ele rebateu com um olhar afiado, as pupilas dilatando, o tom baixo e firme. Vi o dourado dos olhos dele ganhar nuances acobreadas, e fiquei sem reação por um segundo, os lábios entreabertos em surpresa. — Sim, sou o Alfa Aiden Belmont.
Meu coração disparou. Finalmente, eu estava cara a cara com o homem que parecia ser o centro de toda aquela confusão.
— Então você sabia da dívida e do que se trata. — Apontei o dedo para ele, endurecendo a voz. — Por que me sequestrou? Por que atacou minha casa? E minha mãe... você...
— Não a ataque, Haphel. — O rosnado dele veio forte e impaciente, cortando minhas palavras no meio. — E como pretende provar que é filha do Alfa Bryan?
As palavras da minha mãe ecoaram na minha mente: “Mostre o colar a ele, é a prova de quem você realmente é.”
— O colar... — Murmurei, erguendo a cabeça de repente. Meu corpo gelou ao perceber Aiden encostado na ponta da mesa, as mãos nos bolsos, como se estivesse ali o tempo todo. Não ouvi um único passo dele. — O colar com a presa de lobo. Eu estava indo buscá-lo em casa quando você apareceu e me sequestrou... Se pudermos ir até lá, posso te provar que...
— Este colar? — Ele interrompeu em tom baixo e calmo. Aiden tirou o colar do bolso, pendurando-o diante de mim, o objeto balançando levemente entre nós.
— Você o roubou! — Gritei, avançando para arrancar o colar da mão dele. Mas meu corpo ainda estava pesado, os resquícios do sonífero me fizeram cambalear. Tropecei para frente, e antes que caísse, fui amparada pelos braços fortes dele.
Meu rosto roçou contra o tórax firme de Aiden, sentindo o calor do corpo dele, o cheiro marcante e intenso que me deixou ainda mais nervosa. A ponta do meu nariz subiu roçando o pescoço e o queixo dele até que nossos olhares se encontraram.
— Raposinha... ou você é muito atrapalhada ou é ingênua demais para arriscar ficar tão perto de mim. — A voz dele veio baixa, acompanhada de um rosnado profundo que fez meu estômago revirar. Os olhos de Aiden cintilaram em um tom amarelo intenso, perigosos, selvagens.
Empurrei o peito dele com força, afastando-o de mim, o coração acelerado.
— Olha aqui, o colar é meu. — Apontei o dedo para ele, irritada, sentindo meu corpo ainda vacilar levemente. — E é culpa sua eu estar tonta desse jeito. — Resmunguei, estreitando os olhos. — Não faço ideia do porquê minha mãe me mandou te procurar, mas foram as últimas palavras dela. E, apesar de tudo o que você fez, ela disse que você era o único que poderia me proteger.
Eu parei de falar ao perceber o olhar dele sobre mim. Não era um olhar qualquer, era como se ele mapeasse cada detalhe do meu corpo, cada movimento, cada respiração.
— Eu não sei quem está me caçando, não sei por que ela me mandou até você ou por que a mata... — As palavras morreram na minha garganta. Baixei a cabeça, sentindo o peso da lembrança apertar meu peito. Engoli o nó que se formava, respirando fundo para não desmoronar. — Ela gastou os últimos momentos da vida me dizendo para te achar e cobrar a dívida.
Cerrei os punhos, contrariada com a onda de emoção que ameaçava me derrubar. Antes que pudesse me recompor, senti o calor dele invadir meu espaço. Perto demais. Instintivamente, dei um passo para trás, mas Aiden avançou no mesmo ritmo, firme, até que sua presença me obrigou a parar.
Ele ergueu as mãos e segurou meu rosto com força suficiente para me prender no lugar.
— Você sempre fala tanto assim quando está nervosa? — A pergunta dele veio baixa, rouca, e me pegou completamente de surpresa.
Seus dedos quentes deslizaram pela minha pele até pararem na garganta, pressionando de leve, engolir em seco. Um arrepio percorreu minha coluna inteira quando senti o toque firme dele fechar o colar ao redor do meu pescoço, o metal gelado contrastando com o calor de sua mão.
— Nunca tire este colar. — Ele se aproximou ainda mais, o hálito quente roçando no canto da minha boca. — Não queremos que quem te caça te encontre. — A ameaça veio em um tom baixo, carregada de algo tão intenso que fez meu corpo travar. — Entendido, Raposinha?







