Capítulo 03

— Alfa, o que vai fazer com ela? — Martin, o Beta, perguntou ao macho próximo a ele, que emitia uma aura fria e indiferente, enquanto olhavam para a figura no chão. 

Martin estava fazendo a ronda quando sentiu o cheiro de um invasor e rapidamente foi atrás. Quando viu que era uma fêmea, ele a observou enquanto ela corria em direção à parte mais densa da floresta do bando. Ela era uma invasora e, então, ele a reconheceu pelo cheiro: ela era do Longfang Pack! O lobo dele agiu mais rápido do que ele e correu em direção à forasteira, derrubando-a em direção à cerca elétrica que rodeava o penhasco daquele lado. 

Depois disso, ele a levou para o Alfa.  

Rhys olhava para a fêmea de cabelos escuros como uma noite sem estrelas. O peito branco  como neve dela estava meio exposto, aparecendo e desaparecendo de forma sedutora. Ele tinha uma expressão fria.

— Acordem-na. — A voz dele não carregava nem um pingo de piedade. — Andem! 

Dois ômegas se aproximaram com os baldes de água fria e os despejaram em cima de Lucretia. Esta, que estava quase nua — não fosse pela fina manta que tinha sido jogada em cima dela por Martin. 

Ela moveu-se imediatamente, o frio parecia entrar pelos ossos dela. 

— Ah! — Lucretia choramingou. A água escorria do cabelo para o rosto, que mantinha abaixado. As mãos dela tremiam, bem como o corpo todo. — O quê…? 

Lucretia levantou a mão e tentou tirar o excesso de água, piscando repetidas vezes até conseguir olhar melhor em volta. A visão dela estava um pouco embaçada, porém, ela conseguiu distinguir silhuetas. Ela congelou. Machos. Ela estava cercada de machos! 

— Onde estou? Quem são vocês? — ela perguntou, enquanto lutava para que a visão dela focasse. Ela não reconhecia nenhuma daquelas pessoas. Havia um espelho não muito distante dali, que ia do chão ao teto, e isso permitiu que Lucretia olhasse para si. 

O estado dela era realmente deplorável: além dos cabelos molhados como os de um gato que caiu num rio, o que mais chamou a atenção dela foi o fato de que estava praticamente nua! Se não fosse a água segurando o pano no lugar, colado ao corpo dela, ela estaria completamente nua! 

Lucretia instintivamente tentou cobrir-se com os braços, encolhendo-se nela mesma. 

— Não sabe onde está? Não foi você mesma quem entrou nesse território de livre e espontânea vontade? 

Alguém perguntou e Lucretia levantou a cabeça, vendo ali um macho de cabelos bem curtos, quase raspados, e olhos muito escuros. Ele a observava com o que era claramente desprezo e deboche. 

— Eu… eu…

A mente de Lucretia estava um caos, mas ela se lembrou então onde tinha ido: ela escolheu adentrar o território do Shadowblood Pack em vez de se jogar para a morte certa no precipício. Porém, agora, ela realmente duvidava que tivesse feito a escolha mais sábia: aqueles machos estavam olhando para ela com olhares assassinos. 

Havia uma figura mais alta, mais corpulenta e que exalava uma aura poderosa. E foi nesse momento que Lucretia conseguiu enxergar perfeitamente. Entre os pingos de água, a imagem do homem apareceu: cabelos escuros, mais compridos em cima e bem mais raspado nas laterais, os olhos eram de um azul-cerúleo intenso, com cílios fartos e escuros, reforçando o formato afiado dos olhos dele. Os lábios estavam comprimidos e ele a olhava com uma fúria pouco contida. Aquele era o Alfa do ShadowBlood Pack, Rhys Jarsdel. 

Lucretia sabia que ela estava perdida. Se não pensasse rápido, ela seria morta. 

Rhys era filho do antigo Alfa, Joseph Jarsdel, assassinado em uma invasão ao bando anos antes. O motivo pelo qual o ShadowBlood tinha tanto ódio do Longfang Pack, afinal, se eles tivessem prestado socorro quando o pedido foi feito, Joseph ainda estaria vivo. 

Ele começou a andar na direção de Lucretia, que sentiu todos os pelos do corpo se eriçando. Ela começou a se afastar dele, engatinhando de costas. 

— Eu sei quem você é. Não tenho ideia do que veio buscar aqui, Lucretia Bellanti, mas a única coisa que vai receber é a morte. — O olhar dele era frio, sua voz, cortante. — Últimas palavras antes de morrer? 

Lucretia engoliu em seco. 

— Por favor, não me mate. — Ela pediu. Seu pai, Corrado, havia dito que uma filha de Alfa, a futura líder, não deveria implorar. Mas Lucretia precisava continuar viva! — Eu… eu posso te ajudar a se tornar o próximo Supremo! 

Mentira? Não necessariamente. Porém, antes que qualquer outro pensamento flutuasse pela mente de Lucretia, ela sentiu os dedos quentes de Rhys em volta de sua garganta fina, apertando a garganta dela e lhe restringindo o ar. 

— Ah! 

— Agora, eu devo negociar com a sua laia? 

Pontos negros começaram a se acumular na visão de Lucretia.

— P-por fav-vor… 

A aura de Rhys era sufocante. 

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