Capítulo 04

— Alfa, talvez seja melhor mantê-la viva. — A voz suave de Jamil Grahan ecoou pela sala, mas Lucretia mesmo não conseguia ouvir. Tudo o que ressoava nos ouvidos dela eram seus batimentos cardíacos que buscavam mantê-la viva. 

Rhys olhou para o lobo de meia-idade, que serviu ao pai dele por anos. O Conselheiro do Shadowblood sempre foi um lobisomem capaz. 

— E por que eu faria isso? Ela… o sangue dela é sujo! Sangue de covardes, de traidores! — Rhys voltou a olhar para Lucretia e o rosto dela já estava ficando roxo. Os olhos era de uma cor que ele não conseguia distinguir se azuis ou verdes. Lembravam a ele o mar, que ele tinha visto há muitos anos. 

— Ela pode ser útil! Ela é do bando inimigo, Alfa. Podemos usá-la para acabar com eles. — Jamil falou, olhando com preocupação para a jovem, cujos olhos reviraram no crânio. 

Os lábios de Rhys se apertaram, bem como a mão dele, antes de os dedos afrouxarem e o corpo de Lucretia escorregar para o chão. 

Rhys se afastou, passando a mão pelos fior negros, a respiração acelerada. Mas não se comparava a Lucretia, com o rosto grudado ao chão, ainda vermelho, enquanto ela tentava buscar o ar. 

Tudo doía. Rhys havia apertado demais e a garganta dela gritava de dor enquanto ela tentava respirar. Uma das mãos dela foi para o local afetado, e ela tossiu incontrolavelmente. 

— Você se responsabilizará se alguma merda acontecer, Grahan! — Rhys disse, sua expressão facial era fria, mas os olhos, brilhavam com algo perigoso. 

— Não se preocupe, Alfa. Ouvi dizer que ela é inteligente, mas dócil. — Jamil olhou para Lucretia, que ainda se recuperava. — O curioso é… ela estava noiva do Alfa do Crestmoon, pelo que ouvi falar. O casamento seria amanhã, se não me engano. 

O significado daquilo era claro: tanto o pai quanto o noivo dela a procurariam. No momento em que o Crestmoon decidiu unir-se ao Longfang através do matrimônio, Rhys os considerou inimigos, também. Qualquer bando que mantivesse relações próximas àquele bando, era colocado na lista negra dele. 

[“O que vamos fazer, Luci?”], Kali perguntou. [“Esse Alfa nos quer mortas… ele odeia a sua família!”]

É, Lucretia tinha ouvido. Ela sabia do passado entre os dois bandos e, infelizmente, ainda que o Longfang tenha tentado se redimir e punido o culpado pelo ocorrido anos antes, Rhys nunca os perdoou. Joseph não era apenas um Alfa qualquer, além de ser o maior dos Alfas, ele era querido por todos do bando. Era um excelente pai e marido. A morte dele atormentava Rhys desde então. 

[“Temos que conseguir falar com a Haylie,”] Lucretia disse mentalmente à sua loba. Haylie era sua melhor amiga e ela nem mesmo teve tempo, ou cabeça, para falar com a moça! 

Lucretia começou a tentar alcançar Haylie mentalmente. Ela, como Alfa, conseguia fazer isso. Mas a distância física atrapalhava. Se ao menos o celular dela não tivesse ficado no chão em frente ao quarto daquela invejosa da Deidra! 

Uma sombra se colocou na frente de Lucretia e ela viu os sapatos de couro masculinos. Subindo os olhos, a calça escura, a camisa preta dele estava desabotoada em dois botões, deixando expostos o osso clavícula e o peito musculoso. O casaco de couro finalizava o charme de “bad boy”. Em seguida, os olhos. Os olhos de Rhys eram intensos e pareciam capazes de alcançar a alma de Lucretia. O coração dela acelerou ainda mais. 

— O que pensa que está fazendo, filhote? — ele perguntou e Lucretia franziu o cenho, ao mesmo tempo que engolia a saliva com dificuldade. Filhote? Quem ele pensava que era para chamá-la desse jeito? Ela já tinha vinte anos! E ele não parecia muito mais velho! 

Rhys se inclinou mais para baixo e daquela altura, ele podia ver cada sarda no rosto de Lucretia. Ele a tinha visto em um encontro de Alfas, anos antes. A achou bonita, porém, ela era muito nova e ele não manteve a atenção nela. Agora, no entanto, ela tinha dado uma boa amadurecida e estava mais bonita do que nunca. De certa forma, o estado dela tinha um certo charme. Deixava-a… selvagem. 

— Eu sei que você está tendo pensamentos perigosos nessa sua cabecinha. — Rhys usou o indicador para apontar e tocar a testa de Lucretia, dando um leve empurrão ali. — É bom começar a mudar os seus pensamentos. Você está no meu bando, vai seguir as minhas regras. E se eu a pegar mandando mensagens por via mental para algum dos seus amigos, ou para o seu noivo, será o fim deles. 

Alguns lobos possuíam habilidades especiais, como se os instintos de lobisomem fossem ainda mais aflorados. Rhys não era do mesmo bando que Lucretia, por isso, em regra, ele não poderia interferir nas ligações mentais dela. Mas digamos que uma das habilidades dele era captar quando estavam conectando-se para fora do bando dele. Ele não podia ouvir os pensamentos, mas ainda assim, ele podia ao menos impedi-los. 

Lucretia inspirou fundo, sem quebrar o contato visual com o macho. Rhys se endireitou, ainda olhando para ela, de cima, como se ela fosse um pobre ser inferior a ele. Lucretia já não gostava dele. Se antes ela sentia pena pelo pai dele, agora, ela só tinha ressentimento! 

Ela pouco se importava com Kolby, naquele momento. Ele estava planejando matá-la, então, se ele se desse mal, não importava. Agora, Haylie era outra história! E essa era uma boa amiga, que não pensaria duas vezes antes de invadir o bando inimigo e resgatá-la — ou tentar, ao menos. 

— Alfa, o que vamos fazer com ela? — Martin percebeu que Rhys estava ainda instável e se Lucretia fizesse ou falasse algo errado, ele não sabia qual seria o destino dela. 

Apesar de entender o Alfa, Jamil também compreendia que Lucretia não teve qualquer culpa no que aconteceu anos antes. Ela era uma criança! Mas a raiva de Rhys corria profundamente, bem como a do Beta, Martin, que a olhava com igual desprezo. 

Rhys estreitou os olhos em direção à Lucretia. O tecido que a cobria não era o suficiente e, agora que a raiva estava um pouco mais controlada, Rhys podia observar melhor o que ele tinha na frente dele. Lucretia puxava o pano em volta dela mesma, mas os ombros bem desenhados estavam à mostra, bem como boa parte das pernas compridas e torneadas. Nenhuma Alfa que pudesse herdar o posto de maior destaque num bando seria sedentária. 

A pele de Lucretia era clara como leite, e possuía algumas pequenas cicatrizes, provando que ela era uma guerreira. Mesmo que cobertos, os seios dela tinham um tamanho considerável e Rhys engoliu em seco. Ele usaria aquilo à favor dele. Lucretia não teria uma vida fácil! 

— Ela tem sangue de Alfa, é o tipo de fêmea que seria um prêmio para um lobisomem. — Ele sorriu de uma maneira que enviou um calafrio pela espinha de Lucretia. — Levem-na daqui e dêem um banho. Ela precisa se limpar. 

Ele torceu o nariz. 

— Sim, Alfa. — Martin respondeu e chamou por conexão mental duas ômegas para ajudar a moça. 

— E… ela deve ser levada ao meu quarto. Vestida de acordo com a nova função dela. 

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