Isabela não esperava que, assim que a garota abrisse a boca, fosse tocar num ponto tão importante para o caso.
— Posso gravar? — Ela perguntou.
A menina assentiu levemente com a cabeça.
Isabela tirou um gravador da bolsa.
A menina continuou:
— Ela quer ficar com tudo que era deles, todo o patrimônio do casal. — Seus lábios estavam ressecados e pálidos. — Ela nunca pensou em como eu me sentia. Nunca se importou se eu estava viva ou morta. Para ela, só existe dinheiro.
A voz dela era baixa, rouca, carregada de uma tristeza profunda.
— Ela nunca cuidou de mim. Nunca teve um pingo de carinho. Mãe? Eu nem sei o que é ter uma mãe de verdade.
Isabela escutava em silêncio.
A garota desabafava, como se enfim pudesse soltar tudo que vinha guardando por muito tempo:
— Todo mundo diz que mãe é a figura mais importante do mundo... Mas eu nunca senti nada disso. Nunca senti carinho, nunca fui amada... Desde que eu nasci, nunca soube o que é ser amada.
Ela não chorava. Só falava, com o rosto sem expr