Isabela não se irritou com a hostilidade de César. Pelo contrário, compreendia seu estado de espírito naquele momento difícil. Provavelmente, a notícia sobre sua situação já havia se espalhado entre familiares e amigos, algo que, para um homem com seu orgulho, devia ser absolutamente insuportável.Afinal, ele sentia que jamais voltaria a ser "um homem de verdade" aos olhos da sociedade. Era evidente que se sentia humilhado e, de fato, sua situação atual era constrangedora. Perder completamente suas funções íntimas, como não estaria revoltado?Com voz serena e gentil, Isabela se apresentou:— Olá, sou a advogada que representa sua esposa. Eu gostaria de...— Não tenho nada para conversar com ela! — Cortou César imediatamente, seu tom carregado de raiva e sem a menor disposição para ouvi-la. — Se você veio aqui para tentar me convencer de alguma coisa, pode dar meia-volta e sair agora mesmo!Sem se abalar com a reação explosiva, Isabela puxou calmamente uma cadeira e se sento ao lado da
César olhou para Isabela e perguntou:— Como a gente resolve toda essa situação?Isabela manteve a voz tranquila e profissional e respondeu:— Sua esposa está disposta a ceder a maior parte dos bens para você, como uma forma de compensação pelo que aconteceu. César baixou os olhos, sentindo o peso da culpa se acentuar sobre seus ombros. Um suspiro profundo escapou de seus lábios.— No nosso casamento, ela nunca errou comigo de verdade... — Ele murmurou, a voz embargada. — Fui eu que estraguei tudo desde o início. Essa situação toda é culpa minha, não dela. Eu mereço o que aconteceu. Acabei destruindo minha esposa e a mim mesmo com minhas escolhas.Por dentro, Isabela revirou os olhos mentalmente. "Agora que caiu a ficha? Depois que o estrago já está feito?" Ele claramente não sabia controlar os próprios impulsos e agora estava pagando o preço de suas escolhas.— Você também foi seduzido nessa história toda. — Comentou Isabela em tom compreensivo. — A culpa maior é daquela mulher, nã
— Você também vai deixar alguma parte dos bens para ela, não é? Afinal, uma mulher divorciada não tem vida fácil. Você entende? — Perguntou Isabela.César permaneceu em silêncio por um momento, ponderando a situação.— Metade para cada um. — Declarou ele finalmente, com voz resignada.Isabela já havia conduzido a conversa até este ponto. Se ele insistisse em ficar com tudo, pareceria mesquinho diante dela.Mesmo sentindo certo desconforto, César acabou concordando com a proposta.— Quer ver sua esposa? — Indagou Isabela suavemente. — Ela está esperando lá fora.César apenas balançou a cabeça em negativa.Não havia mais nada a dizer. Ele estava derrotado, e o casamento também chegava ao fim.— Tudo bem. — Respondeu Isabela, levantando-se da cadeira. — Vou transmitir a ela o quanto você foi generoso nessa situação toda. Tenho outros compromissos, então preciso ir.César soltou um sorriso fraco, quase imperceptível.— Não vou te acompanhar.Quando Isabela saiu do quarto e fechou a porta,
A voz de Viviane ecoava tão estridente pelo telefone que Isabela precisou afastar o aparelho do ouvido, franzindo o rosto com desconforto.— Estou chegando, já estou chegando! — Ela respondeu, tentando acalmar a amiga.— Dez minutos, nem um segundo a mais. — Advertiu Viviane com firmeza. — Se não aparecer, juro que acabo com você.Ela desligou sem esperar resposta.Isabela ficou parada por um instante, olhando para o celular mudo em sua mão.— Dr. Jorge, eu...— Vamos jantar juntos. — Interrompeu ele. Ela nem teve tempo de terminar sua frase. Percebendo sua hesitação, Jorge a observou com atenção. — Tem algum compromisso urgente?— Não exatamente... — Isabela coçou levemente a cabeça, desconfortável com a situação. — É que hoje é meu aniversário. A Vivi já me ligou um milhão de vezes e agora está uma fera comigo. Acho que não vai dar para jantar com o senhor.Jorge ergueu os olhos, demonstrando genuína surpresa.— Seu aniversário?Isabela acenou, meio sem jeito.— Sim. Dr. Jorge, preci
Viviane sorriu com ar triunfante enquanto o celular vibrava pela décima sexta vez na mesa.— Janete, você perdeu. Beba mais uma. — Anunciou ela, apontando para o copo da amiga.A nova chamada de Isabela surgiu justamente quando as duas haviam feito uma pequena aposta. Viviane apostou que a amiga continuaria insistindo nas ligações, enquanto Janete acreditou que ela desistiria.Janete perdeu. Com um suspiro teatral, ela pegou o copo, fez um estalo com a língua e comentou pensativa:— A Dra. Isabela é mesmo uma mulher incrível. Como o ex dela teve coragem de deixá-la?Ela simplesmente não conseguia entender tamanha estupidez.Viviane riu com evidente desprezo balançando a cabeça.— Simples, querida. Um motivo só: canalhice pura. — Explicou ela, girando o líquido em seu próprio copo. — A grama do vizinho sempre parece mais verde, não é?Janete concordou imediatamente, erguendo seu copo num brinde silencioso.— Verdade! Uns são completos idiotas, outros são puro lixo mesmo. — Ela tomou mai
Isabela lançou um olhar fulminante para Viviane. Mais uma vez a amiga a tinha feito passar vergonha na frente de Jorge, mas Viviane nem ligou e continuou sorridente.— Ah, você nem imagina há quanto tempo estou esperando! — Exclamou ela com entusiasmo. — Se demorasse mais um pouco, seu aniversário já teria passado.Ela puxou Isabela para o lado e perguntou baixinho:— O que diabos o Jorge está fazendo aqui? Com um homem junto, como vamos curtir a festa agora?Isabela suspirou com ar inocente.— Foi ele quem sugeriu vir. Como eu ia dizer não para meu chefe? Ainda estou no período de experiência, quero ganhar um caso para praticar e preciso da aprovação dele.Viviane bufou, claramente contrariada:— Ah, não podia recusar? Se ele pedisse para dormir com você, também ia aceitar?Isabela arregalou os olhos e num impulso tampou a boca da amiga.— Se não tem nada de útil para falar, fica quieta! — Ela sussurrou entredentes.Viviane afastou a mão dela com um gesto impaciente.— Ah, relaxa...A
— Vamos nos divertir! — Exclamou Viviane, tentando manter o ânimo apesar da situação.Janete, no entanto, balançou a cabeça com um suspiro desanimado.— Acho melhor deixarmos para outro dia. Com o Jorge e Isabela lá em cima e apenas as duas ali embaixo, a festa tinha perdido completamente a graça.— Que tal subirmos para comemorar o aniversário da Isabela? — Sugeriu Janete, buscando alguma alternativa.Viviane recusou na hora, quase em pânico:— Nem pensar.Se o avô dela descobrisse que ela tinha interrompido um momento entre Isabela e Jorge, certamente ficaria furioso. E pior, poderia muito bem usar isso como desculpa para tocar no assunto casamento novamente. Se falasse com os pais dela, já era! Depois de alguns dias de paz, ela não estava nem um pouco disposta a voltar para a rotina dos encontros às cegas.Janete piscou várias vezes, confusa com a reação exagerada da amiga.— Como assim nem pensar?Viviane abriu um sorriso misterioso, ergueu a taça rapidamente e mudou de assunto:—
Gabriel ficou imóvel, observando Sandro com um misto de espanto e incredulidade. A reação do amigo ao ouvir o nome de Isabela era completamente desproporcional. Por que tanta agitação? Estava prestes a ficar noivo de outra mulher e ainda se importava tanto assim com a ex-esposa?— Não tenho certeza. — Respondeu Gabriel friamente. — Cara, você simplesmente esqueceu o aniversário da sua ex? Vocês se divorciaram há poucos dias e já apagou isso da memória? Isso só pode significar que você...Não completou a frase, mas o pensamento estava claro que o amigo não amava Isabela o suficiente. Sandro não era ingênuo e captou perfeitamente a insinuação, o que intensificou ainda mais o incômodo que já fervilhava em seu peito.— Então esquecer um aniversário significa que eu não a amo? — Ele disparou, lançando um olhar cortante para Gabriel.Gabriel apenas deu de ombros, preferindo não alimentar a discussão. Não valia a pena bater de frente com Sandro naquele estado. Mas, no fundo, a resposta era cr