Capítulo 2

Sophie Bailey 

— Humm… Então você notou o gostosão te secando… — Anne comenta com um sorrisinho cínico.

— E… eu? Você está vendo coisa onde não tem.

Ela dá uma risadinha.

— Amiga, relaxa! Você está tensa demais para quem acabou de conseguir uma entrevista na Mason Corp. Essa noite é nossa! — Anne gesticula, quase derrubando o martini em cima de mim.

Enquanto isso, eu estava chocada com os preços e, mais ainda, com a quantidade de gente bonita e rica. Juro que só concordei em vir porque Anne insistiu que eu precisava celebrar o "primeiro passo" para salvar a Vó Eliza.

— Não estou tensa, Anne, só estou chocada com o preço dessa bebida. Se eu derreter, você vai ter que vender seus sneakers para pagar a conta. — sussurro de volta, tentando parecer descontraída, mas sinto o olhar das pessoas sobre a gente.

— Deixa de ser pão-duro, Sophie! Beba! — Ela pega o meu copo e me força a tomar um gole generoso.

O álcool desce queimando, e eu sinto o calor relaxar meus ombros. Anne pede mais uma rodada, e eu nem me dou ao trabalho de protestar. Honestamente, eu precisava de um tempo, de esquecer por uma hora o cheiro de lanchonete e a tosse da minha avó.

Eu estava rindo de alguma bobagem que Anne disse quando meus olhos o encontraram de novo.

O homem de terno do outro lado do bar. O mesmo que meu olhar se cruzou no instante em que entrei. Ele era alto, imponente, e estava com uma loira estonteante, mas os olhos dele... os olhos dele não saíam de mim.

Aquele homem irradiava poder e luxo. 

Eu tentei desviar, fingir que ele não existia, mas era impossível. Nossos olhares voltaram a se cruzar, e eu senti um calafrio elétrico percorrer minha pele, como um choque proibido. Meu coração acelerou tanto que temi que Anne pudesse ouvir.

— Está babando, amiga? — Anne me cutuca, rindo.

— Não estou babando. — rebato, irritada. — Mas olha ele. É impossível não olhar.

Anne observa, e assobia. 

— É um partidão. Mas ele está de "companhia".

Nesse exato momento, o homem de terno se inclina em direção à loira, diz algo, e a expressão dela se fecha de raiva. Ele nem espera a resposta dela. Ele se levanta, sério, e a loira sai furiosa, batendo os pés.

Ele a abandonou. Meu Deus, eu estou bêbada! A bebida está nublando minha mente, não é possível!

— Ele dispensou a deusa loira... e está vindo para cá. — Anne sussurra, os olhos arregalados, me cutucando debaixo da mesa. — Oh, meu Deus, Sophie!

Eu senti meu corpo gelar e ferver ao mesmo tempo. Minhas mãos suavam. Graças ao segundo martini que Anne praticamente forçou goela abaixo, minhas defesas estavam desarmadas, e a vergonha se misturava a uma curiosidade avassaladora.

Ele parou na nossa mesa, e senti o cheiro de seu perfume. Forte, amadeirado, e perigosamente inebriante.

— Com licença, senhoritas. — A voz dele era profunda, rouca, e fez a pouca sobriedade que me restava desaparecer. — Eu sinto muito incomodar, mas não consegui tirar os olhos de você a noite toda.

Meu Deus, ele estava falando comigo…

— Qual é o seu nome? — ele estendeu a mão.

Eu mal consegui responder, de tão tonta que estava. 

— Sophie. Sophie Bailey.

Anne, sempre estrategista, aproveitou a deixa: 

— Olá! Sou Chloe, melhor amiga da Sophie. É um prazer. A Sophie precisa urgentemente de um pouco de ar, ela está celebrando e exagerou um pouco… — Ele me olhou com uma intensidade que parecia ver através da minha alma.

— Você está pálida, Sophie. Permita-me te tirar daqui. — Ele não perguntou, ele ordenou, com a confiança de um homem que está acostumado a ter o que quer. E eu nem mesmo me atentei em perguntar o nome dele… — Posso te levar para um lugar mais... tranquilo.

Nesse momento, eu deveria ter dito "não, obrigada", chamado um táxi e corrido para casa. Mas o álcool em minhas veias e a atração brutal que ele exalava me traíram. Eu estava vulnerável, precisando de qualquer forma de escapismo, e aquele homem era o caminho mais rápido para o esquecimento. Ele era perigoso, mas a adrenalina era viciante.

— Eu aceito. — mal reconheci minha própria voz.

Anne me deu uma piscada de "vá em frente" antes que ele segurasse minha mão, me conduzindo para fora do bar.

Saímos em seu carro, e a viagem foi um borrão de cheiros, luzes e tensão. Chegamos a um apartamento luxuoso, um penthouse que gritava "milhões".

Assim que entramos, não houve mais palavras. Havia apenas a atração animal.

Ele me empurrou contra a porta, e seus lábios encontraram os meus com urgência e uma possessividade que me fez perder o ar. Aquele beijo era eletricidade pura, tirando todo o meu fôlego, me fazendo esquecer a Vó Eliza, o Max, a necessidade de dinheiro, a Mason Corp., tudo.

Eu sabia que me arrependeria assim que o sol raiasse. Eu sabia que essa não era "eu". Mas eu estava bêbada de martini e de atração, e precisava desesperadamente de um momento para não ser a Sophie Bailey em crise.

O resto da noite foi um caos de pele e gemidos, uma erupção de desejo que eu não sabia que era capaz de sentir. Foi a minha primeira noite com um estranho.

Quando acordei, a luz da manhã invadia o quarto, e a realidade me atingiu como um caminhão. Eu estava na cama do homem que abandonou a loira para me ter.

Olhei para o relógio: sete da manhã. Minha entrevista na Mason Corp. era em poucas horas.

Eu precisava sumir daqui antes que ele acordasse. Isso não podia ter acontecido!

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