IV- Aurora

Num baile do grandioso de vinte anos da minha senhorita, não é nada além que uma forma de dizer, olha temos uma filha em idade para casar, pelo menos é o que eu penso, para quê mais um pai e uma mãe faria tal festa? Apresentá-la a sociedade? De novo? Já não fizeram isso aos quinze? Aos dezesseis? Ainda assim penso não haver nada que não me faça ficar tão encantada, desde os tecidos coloridos.

Os grandes e espalhafatosos vestidos coloridos no salão, além das músicas, comidas para todos, e bebidas, nas festas sempre aproveito de mais de uma garrafa de vinho, bebo no finalzinho da noite, mas não suspeito que a essa hora na minha aldeia nem todos tenha o que comer, a verdade é que não tem. Essa divisão de classe contratual, na verdade, é uma barganha que apenas se escreve lá nas terras desconhecidas, mas ninguém considera, na verdade, é lindo de se ler, mas tão distante de se viver!

O enorme vestido da senhorinha Malvina é grande com tecidos brancos com detalhes dourados rendados, ela pediu que apertasse bem o seu suporte para que subisse bem os seios, não são tão fartos, suspeito que um espirro possa deixá-la lisa outra vez, sem seios como uma tábua, não que haja problemas contra seios, os acho bonitos, rosados e delicados, mas com todo o seu mau-humor, não vejo diferente. As mulheres com seus penteados complicados, copiosamente da realeza, me faz contar pelo salão quantos deles são parecidos e quantos não.

A vantagem em ser da criadagem, é não preciso me apertar por inteira, tampouco leva horas tendo os cabelos puxados, presos e amarrados de mil e uma maneira, o meu vestido azul clarinho não tem nada em especial, poucas anáguas, graças a Deus, não quero meus quadris fartos, seria uma péssima parideira se isso de quadril for válido, o meus cabelos negros compridos, rebeldes, pelo menos desta vez foram penteados, divididos ao lado. —  Aurora desça e veja se todos que desejo já chegaram. —  Olho para Malvina a frente do espelho, enquanto admira a sua beleza, afirmo. —  Sim, senhorita Malvina.

 Curvo-me antes de sair, caminho pelos corredores do enorme palácio, para mim isso é um palácio a medida que foram modificando, foram aumentando, crescendo, esticando, não tem como dizer que este ainda é uma casa. —  Para onde vais é a aniversariante? Está tão linda Aurora. —  Somente reviro os olhos ao ouvir, Tereza só podes estar de gozação de mim. —  Sabe não haver como competir com a beleza da senhora Malvina, Tereza, como está lá embaixo?

Sorri amplamente e como eu, chegamos a borda da escada, nada mais que transeuntes da classe aristocrata indo e vindo, olho de um lado a outro, e nada, completamente nada ou ninguém me chama a atenção, sinto o toque em minha mão, olho para Tereza. —  O jovem rapaz de cabelos negros, terno azul, vagando de um lugar a outro pelo salão, taça na mão, filho do banqueiro. —  Olho na direção que ela me diz, vejo um homem bonito, ele não é mais uma rapaz, é um homem, mas nada além que bonito, ao parar para conversar com outro senhores.

 —  Acha que ele pode interessa a senhorita? —  Estapeia o dorso da minha mão. —  Não, Aurora, aproveite para arrumar um casamento com um belo filho de aristocrata, não seria má ideia, dei... —  Dou-lhe risadas, o conto da Cinderela é algo vigente em nosso país, todos acreditam que ela existiu, e que o príncipe realmente saiu com um pé de sapato utilizado por uma mulher naquela época, a procura como se somente ela calçasse trinta e quatro, ou algo menor, se fosse real ele teria tantas Cinderelas.

Presentemente existem milhões de Cinderela se ele procurasse melhor. — Já passou pela jarra de vinho Tereza? —  Nega e ao escutar o seu nome, sai correndo rapidamente. Continuo olhando em volta, até voltar olhá-lo, ver os seus olhos verdes em mim me observando, escondo-me, como ele pode me ver aqui? Sinto o rubor me tomar, não que eu queira encontrar um príncipe, um homem de classe ou algo do tipo, a essa altura já teria unindo-me a um aldeão, certamente estar com o meu primeiro filho nos braços, um ou dois, talvez três.

—  Olá! —  Olho em volta, até olhar o homem de calça preta, smoking azul-marinho, chapéu preto a minha frente, os cabelos compridos até os ombros meio que encaracolados. —  Deseja algo, senhor? —  Porto-me como é dever dos criados da casa. —  Tem belos seios, senhorita! — – A frase que escuto me deixa estarrecida, como ele ousa? —  O quê? —  Minhas mãos cobrem os meus seios rapidamente, o vestido azul clarinho nem mesmo os exibe assim.

 — Não se recorda de mim? —  Engulo em seco, passaram-se, passaram-se tanto anos, levo a mão a boca, mas ao notar os seus olhos em meus seios, bem, é melhor voltar. —  Não, posso ajudá-lo, senhor? —  Curvo-me outra vez, desta, mais séria e capaz de apagar qualquer rastro ou vestígio de que sua boca algum dia de maneira envergonhosa estiveram em meu corpo. —  Conseguiu a água para a sua senhora?

—  Jacob... Jacob Scraam, Jacob você veio? — A voz de Malvina nos surpreende, e como rota de fuga ao lhe ver, olhar para a minha senhorita, apenas recuo. —  Olá como esta Malvina? —  Abaixo os meus olhos diante a conversa alheia, nem mesmo soubera quem era este homem, agora se chama Jacob, o primeiro a ter a boca em meus seios se chama Jacob. Engulo em seco, ao lhe ver curvar-se e beijar a mão da minha dona, não é um regime diferente a escravidão ser a serva da minha senhorita.

Se ela soubesse que a sua boca rosada, carnuda, com esse bigode negro já estiveram em mim, não aceitaria tal beijo. —  Devo confessá-lo que estou maravilhada com a sua presença, Jacob, não tive certeza que viria ao meu baile, não veio a nenhum dos outros. —  O sorriso dela se alarga radiante, ao erguer milimetricamente os meus olhos, os observo. —  Aurora vá busca algo para nós bebermos.

 Afirmo sem pensar duas vezes, se esse homem sonhar em dizer que já esteve com a boca em meus seios, estou totalmente ferrada, quanto a ele, ficará bem, é homem, e os homens sempre têm razão por aqui. — Prontamente senhorita. —  Me retiro, ao dá as minhas costas, viro-me rapidamente, lhe noto a me olhar, ele é um homem, fala bem, mas tem uma péssima lábia, e sendo amigo da senhorita, não deve ser coisa boa, ela não vale nada.

 Chego a cozinha nervosa, as meninas apesar de perguntarem não digo o que é. —  Não sei se conseguirei atender a todos esses aristocratas que virão até a senhora Malvina. —  Sinto a solidariedade por parte de algum, mas todos estão tão atarefados. Ao preparar os refrescos em bandeja, a senhora não permite que a senhorita beba vinho, afirma que isto é algo para mulheres sem classes. Como eu não tenho classe, e nem pretensão alguma de ter, não vejo problema algum em beber.

 Seria um completo engano pensar que um homem de elite, com conhecimento e posses, se uniria a uma criada, alguém que esta pronta para servir o tempo inteiro, as mãos calejadas, a pele marcada, o cheiro do trabalho pesado, seja ele braçal ou não, a senhora Malvina é completamente diferente, tem perfumes franceses, cremes para o corpo, para o rosto, grampos para o cabelo, numerosos vestidos belos, acetinados, coloridos, quanto a mim o necessário seria apenas sair correndo para a minha aldeia.

Tomas banho de chuva como antes, pisar no barro, sem esses sapatos pretos, que machucam, que limitam e apertam. — Senhorita...– Aproximei-me com a bandeja com os dois copos prontos para servi-los, ela estava rindo gloriosamente certamente do que ele havia lhe contado, não sendo como foi explorar a parte dos meus seios, seria bom demais, gradualmente o riso desapareceu ao olhar as taças. —  O que é isso? —  Rosnou bravamente, sorri amplamente, eu também discordo das ordens da sua mãe, mas... —  Refresco de abacaxi, senho…

 Não tive tempo de terminar de explicar, a cor até mesmo combinava com o seu cabelo loiro, lindo, impecável, antes do seu braço esbarrar em ambas as taças, atirá-las ao chão, derramando suco, quebrando os vidros, levando consigo toda a beleza e sofisticação que pode haver numa bela e linda jovem aristocrata. —  O que é isso, Malvina! Aurora esta bem? —  Senti a mão grande, fina, em meu braço de pele mulata, quente, talvez pela singularidade do toque, até mesmo diria que sentir os traços que marcam os seus dedos, fechei os olhos rapidamente, o seu toque?

 Agachei-me recolhendo tudo que poderia ser pego. —  Jacob deixe isto, essa idiota sabe que não cumpro as ordens da minha mãe! —  Ele não lhe deu tantos ouvidos, continuou a me segurar pelo braço, mesmo que ainda recolhendo o que poderia com o outro braço, e ele apenas com um temi que fosse pior. —  Senhor, o senhor pode se machucar, cortar a sua mão. —  Pedi em vão, ao ficarmos de pé, não tive coragem de olhar em seus olhos, até que fora puxado para longe por ela. —  Jacob, você sempre é um cavalheiro!

 —  Malvina porque fez isso? —  A sua voz foi firme, dura, mas para a senhora Malvina não havia razões para ofensas, linda, com classe e bonita, uma hora depois no meio do salão assistir do topo da escada, ela estender a sua mão para o senhor Jacob, que a pegou, ambos uniram seus corpos numa dança flutuosa, a famosa valsa, ele a levava com cortesia, enquanto ela olhando para ele me deu certeza de que seria ele, somente para ele que os seus pais queriam mostrar que ela estava ultrapassada da idade de casar.

 

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