A floresta parecia respirar junto comigo. Cada som — o farfalhar das folhas, o estalar dos galhos — me deixava alerta. Meu coração ainda martelava pela proximidade de Augusto na noite anterior, pelo toque, pelo cheiro que permanecia preso à minha pele.

Andava devagar, os olhos atentos a cada sombra, mas não por medo de Augusto. Ele não era ameaça. Era proteção. Ele era a tempestade contida, a força que eu ainda não sabia como domar.

— Hellena — a voz grave de Augusto ecoou atrás de mim.

— Estou bem — respondi, firme, mesmo sabendo que a respiração estava acelerada. — Só observando a floresta.

Ele se aproximou, silencioso, passos leves que lembravam predadores antigos. Cada movimento dele era medido, mas havia algo nas costas dele, nos ombros tensos, que denunciava alerta. Seus sentidos estavam no limite, e eu podia sentir isso.

— Sinto algo — disse ele, a voz baixa, rouca. — Não é apenas a noite.

— O quê? — perguntei, me virando para ele, tentando não mostrar