CAROLINE
Quando a porta se fechou atrás de Rafael, o silêncio que tomou a casa não foi de medo ou arrependimento.
Foi de cálculo.
Caroline permaneceu de pé no meio da sala impecável, tão organizada, tão perfeita, como se cada detalhe arrumado escondesse a bagunça feroz que ela carregava dentro do peito. Seus olhos ficaram fixos no ponto onde Rafael estivera segundos antes, e apenas quando o som da caminhonete desapareceu, seus dedos relaxaram.
Um sorriso lento subiu por seu rosto.
Não um sorriso doce.
Não um sorriso triste.
Mas o sorriso de quem acredita que ainda está no jogo.
A mulher caminhou até o centro da sala, apoiando-se na mesa onde o exame permanecia aberto. Seus dedos passaram pelo papel como quem acaricia uma conquista, e não uma consequência.
— Eu não me esforcei tanto pra engravidar… pra simplesmente sair daqui sem ele. — murmurou, com amargura doce, quase venenosa.
Caroline nunca se conformou com aquela palavra que insistiam em jogar na sua cara: com