O vento naquela madrugada cortava como navalha, mas Sasha Volkov avançava pela trilha de terra batida sem pressa, como se cada passo carregasse a certeza do fim.
Vestia preto dos pés à cabeça, um sobretudo pesado ocultando o corpo largo e preparado. Nos olhos âmbar, havia uma escuridão silenciosa. O tipo de silêncio que precede a execução.
A cabana, isolada, envelhecida, nos limites esquecidos do território dos Rurik, cheirava a madeira úmida e fracasso.
Daniil Vetrov morava agora entre o pó e os ecos da própria arrogância.
Sem guardas. Sem proteção. Sem honra.
Sasha abriu a porta devagar.
Ela rangeu como uma campainha para a morte.
— Volkov... — Rosnou Daniil, sentado à lareira, os olhos fundos. — Mandaram o palhaço da corte pra me entreter?
Sasha entrou. Fechou a porta com o pé. A madeira estalou atrás dele como um selo.
— Vim te dar o que você merece. Uma despedida à altura do velho de merda que quase destruiu tudo o que a gente protege.
Daniil sorriu com desprezo.
— Então Dmitry é