A passagem dos dias na Costa da Lua não era linear; era um fluxo e refluxo de obrigações e silêncios. Para Mia, cada manhã se desdobrava como um pergaminho de deveres a serem cumpridos. A rotina da família Blackwolf era um marulhar constante de vozes infantis, de decisões da alcateia, do peso suave e incessante do título de Luna. No entanto, sob a superfície calma de sua existência, uma inquietação sutil teimava em crescer, uma sombra alongada de uma premonição que ela não conseguia decifrar. Era como o cheiro de ozônio antes da tempestade, uma promessa de mudança pairando no ar.
Aquele dia específico, no entanto, oferecia uma trégua. A mansão de Babi Maya e Nathanael Blackwolf era um santuário de alegria mundana, um oásis onde a intensidade sobrenatural de suas vidas dava lugar ao simples prazer de estar juntos. O verão na Costa da Lua estava em seu esplendor, e o ar quente carregava uma sinfonia de aromas tentadores: a fumaça do churrasco, o sal do mar, o perfume doce das flores que