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CAPÍTULO 3 – A NOITE QUE TUDO RECOMEÇOU

Bryan acordou com o coração batendo como um punho fechando contra as costelas.

Por um segundo, achou que estava sonhando.

Mas o quarto estava ali — a penumbra, o vento entrando pelas janelas, o cheiro de sal vindo pela janela semiaberta.

Tudo normal.

Exceto ele.

Ele mesmo não estava normal.

Ele soltou um gemido rouco e sentou na cama de uma vez, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Droga… — murmurou, apertando a região com a mão firme.

A respiração saía curta.

Os músculos doíam como se tivesse corrido quilômetros.

E a marca no abdômen…

Aquela marca negra e prateada, símbolo dos Blackwolf,

queimava como brasa viva, de novo como antes…

Ele grunhiu baixo, apertando a região com força.

— De novo não… — murmurou, a voz rouca.

A dor não era literal.

Era como se algo estivesse pressionando de dentro para fora, querendo romper, escapar, acontecer — mesmo que ele não tivesse nome para isso.

O ar no quarto estava quente demais.

Denso demais.

Pesado como antes de uma tempestade elétrica.

Bryan se levantou devagar, sentindo as pernas tremerem num aviso silencioso.

Caminhou até o banheiro e acendeu a luz.

O reflexo no espelho o encarou de volta.

Ele próprio… mas também não.

Seus olhos azuis estavam mais claros, quase luminosos.

As pupilas dilatadas.

O suor escorrendo pelo peito, marcando o abdômen definido.

E, bem ali, sobre a costela:

A marca brilhava.

A tatuagem da herança respirava.

— Merda… — Bryan sussurrou, encostando as duas mãos na pia.

Foi quando a lembrança veio.

Não um pensamento.

Mas um puxão.

Um clarão.

Um eco do passado invadindo o presente.

FLASHBACK – QUATRO ANOS DE IDADE

A sala parecia enorme para um garotinho loiro, magrinho, de olhos arregalados pelo choro.

A tempestade lá fora rugia com força — trovões quebrando o céu ao meio, a chuva açoitando as janelas.

E Bryan corria, segurando o abdômen onde a marca queimava feito fogo.

— Mãe! MÃE! — ele soluçava, tropeçando nos próprios pés. — Dói! Tá queimando, mamãe, tá queimando!

Babi o pegou no colo num reflexo imediato, o coração disparado.

— Bryan! Calma, meu amor, calma… — sussurrou, ajeitando o cabelo dele com mãos trêmulas. — Respira com a mamãe. Respira…

Mas o menino tremia demais.

Nathanael surgiu na porta da sala, pálido, o maxilar travado.

Ele conseguia sentir a energia que saía do próprio filho — um calor estranho, uma pulsação que não pertencia a lobos normais.

E então…

A porta abriu com força.

O Beta Alaric entrou ensopado de chuva.

E atrás dele… Elizabeth.

Os olhos dela estavam inchados.

A expressão — devastada.

Mas quando viu Bryan, algo brilhou dentro da dor.

— Ele sentiu… — ela murmurou, levando a mão à boca.

Babi franziu o cenho.

— Sentiu o quê?

Elizabeth respirou fundo, a voz saindo fraca, quebrada, mas cheia de certeza:

— Que a companheira destinada dele nasceu.

Silêncio.

Um silêncio tão pesado que o próprio vento pareceu parar.

— E a…? — Babi tentou perguntar, mas a voz falhava.

— Katherine se foi. — Elizabeth respondeu, lágrimas caindo. — Mas Mia… Mia vive. E ela nasceu marcada. Com a marca de Bryan.

O trovão explodiu.

A luz piscou.

E o pequeno Bryan sussurrou contra o pescoço da mãe:

— Eu senti…

Ela chegou.

Fim do flashback

A lembrança se dissolveu com a mesma violência com que tinha vindo.

Bryan se apoiou na pia, ofegante.

— Não… não pode estar acontecendo de novo.

Mia… ele pensou nela, será que ela estava sentindo ?

Mas estava.

Ele sentia.

A tempestade no ar.

O calor na marca.

A pulsação no peito.

Tudo gritava a mesma coisa:

Algo estava despertando.

De novo.

No mesmo momento na MANSÃO ASHWORTH

A noite havia despencado sobre a casa como um manto pesado.

As árvores balançavam com o vento selvagem.

Relâmpagos riscavam o céu.

Elizabeth andava de um lado para o outro na sala, segurando o celular contra o peito como se fosse um talismã.

Ela havia examinado Mia — a menina dormia, mas quente demais, o corpo vibrando, a respiração acelerada.

Não febre.

Não doença.

Era o mesmo de anos atrás.

O mesmo da noite em que sua irmã morreu.

O mesmo da noite em que Mia nasceu.

Alaric observava da porta, braços cruzados, maxilar tenso.

— Ela está muito quente, Liz.

— Eu sei — Elizabeth murmurou, sem parar de andar. — E eu sinto no ar… algo está vindo.

O celular vibrou.

“Babi chamando”.

Elizabeth atendeu antes do segundo toque.

— Liz?! — a voz de Babi veio trêmula. — Você sentiu isso?

— Desde a tarde. O ar… o vento… Mia está estranha. E Bryan? Ele também?

— Acordou suando. Disse que a marca estava pulsando. Nathanael está em alerta. — Babi respirou fundo. — Liz… isso não é normal.

Elizabeth fechou os olhos.

— A última noite em que o mundo ficou assim…

— Foi quando Katherine morreu — Babi completou, a voz desaparecendo por um segundo.

Elizabeth segurou o choro.

— E quando Mia nasceu. — ela sussurrou. — Babi… Mia nasceu com a marca Blackwolf. Com a marca do seu filho.

— Eu lembro. — Babi respondeu, voz tremendo. — Destino. Sempre foi destino.

O vento soprou tão forte que a casa gemeu.

Elizabeth prendeu o fôlego.

— Se algo está despertando… — ela começou.

— Eles ainda são muito novos … não estão preparados — Babi murmurou angustiada do outro lado da ligação.

E então—

Um raio cortou o céu com violência.

A luz branca iluminou a casa inteira.

O barulho veio um segundo depois — um estrondo feroz que fez o teto vibrar.

O celular quase caiu da mão de Elizabeth.

— Liz?! Liz, o que foi isso?!

Mas Elizabeth nem ouviu.

Porque, logo acima delas…

…um som rasgou o silêncio.

Um som que não deveria existir.

Um grito.

Não humano.

Não normal.

Um grito que parecia vir da alma sendo quebrada.

— MIA?! — Elizabeth gritou, o horror paralisando as pernas por um segundo.

E, ao mesmo tempo, pelo telefone:

— BRYAN?! — Babi gritou.

Era o mesmo som.

Os dois gritos.

A mesma dor.

A mesma hora.

Elizabeth e Babi ouviram uma à outra gritando — as duas mães apavoradas.

— LIZ, BRYAN ESTÁ SE TRANFORMANDO! — Babi gritava ao fundo, com o som de portas batendo, Nathanael correu junto. — NÃO DEIXA MIA SOZINHA!

— EU VOU SUBIR! — Elizabeth disparou, largando o celular no sofá.

Ela correu pelas escadas como se a vida dela dependesse disso.

O vento batia as janelas.

As luzes piscavam.

O barulho do trovão engolia tudo.

Mas nada era mais aterrorizante do que o silêncio que veio…

…depois do grito.

Silêncio que não era paz.

Era prenúncio.

Era o mundo segurando a respiração…

…antes de Mia acordar.

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