Início / Lobisomem / A Predestinada do Alfa / CAPÍTULO 2: O choro da Herdeira
CAPÍTULO 2: O choro da Herdeira

O mundo inteiro parecia prender a respiração. Do outro lado do oceano, em uma impressionante cidade tropical chamada Costa da Lua, algo extraordinário acontecia: o nascimento de uma semi-deusa estava sendo testemunhado por todas as forças da natureza. Raios riscavam o céu encoberto, trovões ribombavam como tambores de guerra, e o mar revolto arremessava ondas furiosas contra os rochedos da costa. A própria natureza se curvava diante de um destino inevitável: a chegada da Loba Prateada.

Dentro da cela número nove da prisão de segurança máxima da cidade, Katherine Versania lutava ferozmente contra a dor do parto. O chão gelado era seu único apoio, e cada contração a fazia soltar gritos abafados. As correntes pesadas tilintavam com um som metálico a cada movimento seu, enquanto o vento uivava do lado de fora, atravessando frestas de maneira assombrosa e reverberando pelas grades.

— Respire! Mais uma vez! — ordenou a médica, suas mãos firmes desafiando o suor e o sangue que escorriam de feridas antigas. — Empurre, Katherine! Você é capaz! — A resposta de Katherine foi hesitante, os dentes cerrados e os músculos em convulsão. — Eu… não sei se consigo… — Ela murmurou, atormentada pela dor. — Você consegue, sim! Por Selene, mantenha-se firme! Olhe, ela já está quase aqui; cada esforço é crucial! — gritou a médica, guiando Katherine através de sua agonia, enquanto a cela parecia tremer a cada contração. O lamento distante da tempestade acompanhava o sofrimento de Katherine, como se os céus também estivessem envolvidos neste momento. Um feixe de luz prateada penetrava pela fresta da janela, iluminando o espaço e criando sombras dançantes nas paredes úmidas e frias.

A cada respiração de Katherine, sentia seu corpo se integrar ao rugido do vento, como se a cela da prisão e o vasto oceano se fundissem em uma única realidade. — Mais força! — exclamou a médica. — Você consegue! Vamos, empurre! Então, finalmente, o bebê surgiu. O choro que rompeu o ar não era apenas um grito humano; soava como um uivo ancestral, selvagem, reverberando nas pedras e correntes, tocando as almas de todos os presentes. Nesse instante mágico, como se as forças da natureza respondessem a uma profecia, as nuvens dissiparam-se e a lua cheia iluminou a cela com uma luz prateada intensa e pura. A tempestade acalmou, o vento desacelerou, e até mesmo o rugido do mar fez uma pausa. Um profundo silêncio pairou no ar, testemunhando aquele milagre do nascimento.

A médica recuou, seus olhos arregalados em puro espanto. — Por Selene… ela… ela carrega a marca da prateada! A luz prateada envolvia a recém-nascida, e seus cabelos reluziam como se fossem feitos de prata líquida. Os padrões místicos que serpenteavam por sua pele adornavam os ombros e costas, como se a lua tivesse bordado aqueles sinais. A cada respiração da pequena, o ar vibrava ao seu redor, emanando uma energia ancestral que permeava o ambiente. Até as correntes de ferro tremiam levemente, reconhecendo a presença da Loba Prateada. Katherine, debilitada e exausta, mal conseguia se manter em pé. Um último sorriso, tênue e cheio de reverência, escapou de seus lábios. — Ela nasceu… e cumprirá seu destino… — sussurrou antes de abandoná-los.

O corpo de Katherine caiu pesadamente no frio chão da cela, e seu último suspiro se juntou ao silêncio que agora dominava o ambiente. O único som que se ouvia era o uivo primal de Mia, ecoando como um chamado ancestral que cruzava os muros de concreto da prisão, ressoando pelo mundo afora. Lobos de diferentes alcateias, tanto próximas quanto distantes, sentiram a chegada do poder recém-nascido. Montes cobertos de neve, florestas densas e desertos desolados — todos os cantos do planeta estavam sintonizados a essa forte emoção ancestral. Parecia que a própria terra se rendia à presença da Loba Prateada.

Enquanto o mundo ao redor reagia a essa mudança monumental, a médica, ofegante, aproximou-se do bebê com cautela, quase reverente. – Eu nunca presenciei algo assim... murmurou em voz baixa e trêmula, – A luz... as marcas... é como se Selene estivesse aqui conosco. Com atenção meticulosa, sua observação se fixou na pele prateada de Mia, examinando cada detalhe. De repente, sua atenção foi atraída por uma marca singular no abdômen da recém-nascida, uma peculiaridade que nunca havia sido documentada na história dos lobos. A médica recuou, os olhos arregalados à medida que tentava assimilar o que via, percebendo que a energia que emanava daquela marca era pura, antiga e vibrante, como se guardasse um segredo ancestral que até mesmo os mais velhos desconheciam.

Naquele instante, o mundo parecia congelar. Mia, recém-nascida, preenchia o ar com seu forte respirar, cada batida do seu coração pulsando em harmonia com a luz da lua. Sua presença irradiava uma energia sobrenatural, revelando que ela era muito mais que simplesmente a Loba Prateada. Dentro dela, havia algo que transcendia a compreensão, um enigma ainda não resolvido, esperando pelo momento certo para se manifestar. Enquanto o vento uivava suavemente do lado de fora, ele trazia consigo um chamado que ressoava pelos oceanos, florestas e montanhas. Lobos de todas as alcateias, em cada canto do mundo, sentiram o nascimento da herdeira e uivaram em uníssono, formando uma sinfonia ancestral que comemorava a chegada da Loba Prateada.

Enquanto os lamentos do choro se misturavam aos uivos ecoantes à distância, a médica voltou seu olhar para Mia, percebendo que algo extraordinário pulsava na pele da pequena, um fenômeno sem precedentes na história da espécie. Um mistério recém-despertado aguardava ansiosamente para ser revelado, pronto para emergir no momento adequado... O destino começava a tomar forma, e o segredo que Mia guardava tinha o potencial de transformar ou destruir o mundo como nunca tinha sido visto antes.

Enquanto aguardava a chegada dos familiares da recém-nascida a lua permanecia alta no céu, iluminando a cela e o mundo ao redor, a médica sussurrou, voz trêmula, mas cheia de reverência:

— Essa criança é diferente de todas que já nasceram, de tudo que já existiu… nossa espécie nunca mais será a mesma depois dela…

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App