"Algumas voltas não fazem barulho. Elas chegam com a firmeza de quem já foi calada demais. E cada passo em silêncio é um grito de soberania sobre tudo o que tentaram enterrar."
— De quem aprendeu a se reconstruir fora do mapa
...
O avião tocou a pista com uma suavidade quase poética, às seis da manhã, como se o próprio tempo tivesse marcado a chegada. A luz tênue do amanhecer filtrava-se pelas janelas do aeroporto de Guarulhos, misturando-se ao aço e ao vidro em tons de prata e ouro pálido. O mundo ainda despertava, mas Dayse já estava em pé — há muito tempo desperta, por dentro e por fora.
A voz firme do piloto anunciou o pouso em São Paulo, mas para ela, aquilo soou como um marco silencioso. Era como se, naquele instante, estivesse liberando uma década inteira de tensão, como se o peso de anos de exílio finalmente encontrasse um ponto de aterrissagem.
Não era apenas uma chegada; era um encerramento cerimonial. O fim de um exílio. O início da revanche.
Ela soltou um longo suspiro. N