“Às vezes, voltar para casa é o começo da verdadeira jornada.” — Clarice Lispector
O avião tocou o solo com um leve tranco, quase imperceptível, mas dentro de Renata, o impacto foi devastador, como se sua alma tivesse colidido com uma barreira invisível, uma barreira que parecia carregar o peso de todas as suas dores e perdas.
O Brasil.
Foi aqui, na sua terra natal, que agora se aproximava pela janela, com suas paisagens familiares e ao mesmo tempo carregadas de memórias dolorosas, que ela perdera tudo: o filho, a pureza de acreditar no amanhã, a capacidade de sonhar com dias melhores e qualquer resquício de confiança em promessas, fossem elas humanas ou divinas, como se o próprio destino tivesse decidido puni-la de forma implacável.
Renata manteve os olhos fechados um segundo a mais, só para ouvir o arranhar dos pneus na pista e o fôlego preso do passageiro do lado.
São Paulo subia da janela em camadas de luz e concreto, um tabuleiro de vidro onde cada prédio lhe lembrava que aparên