● Anelise Moore ●
Observo Alexander Blake com uma calma aparente, mas por dentro, meu coração é um tambor de guerra, batendo descompassado enquanto tento processar o caos que é minha vida desde que aceitei trabalhar para esse homem. Ele está ali, parado próximo a mesa do escritório, com aquela postura que normalmente intimida qualquer um — ombros retos, queixo erguido, olhos que parecem enxergar através da alma. Mas hoje? Hoje ele parece um sobrevivente de uma batalha épica, com olheiras profundas e a gravata frouxa, como se o peso da viagem dos ultimos dias tivesse finalmente o atingido. E, claro, o pobre coitado mal pisou em casa e já foi recebido por um espetáculo digno de comédia pastelão: um filho sem sobrancelhas, uma assistente — eu — com o cabelo verde neon há três dias, e um cachorro psicótico coberto de lama nadando na sua piscina cristalina. Um verdadeiro circo, e eu sou, aparentemente, a palhaça principal.
— Senhorita Moore... — A voz de Alexander sai lenta, quase como se