As bocas no corredor se abriram. Minha perna amoleceu; o estômago deu um giro. Eu queria cavar um buraco no porcelanato e me enterrar.
— Com licença — sibilei, dando as costas. — Eu vou para minha casa.
— Você e ele me pagam! — ele berrou, atrás de mim.
Entrei na escada de emergência, descendo depressa, a mão no corrimão gelado, as pernas bambas. No estacionamento, levei um minuto para encontrar meu carro entre SUVs pretos e sedãs que custam mais que um apartamento em Astoria. Me enfiei no Lincoln, debrucei no volante e respirei. A vergonha ardia na face. O coração batia como se fosse fugir.
Como voltar? Como encarar a presidência, o jurídico, o financeiro, o café, a máquina de xerox? “Olha lá, a amante.” “Olha lá, a fulana.” Fechei os olhos. Quando a cabeça resolveu se aquietar, subi ao apartamento.
A porta estava encostada. O que já seria estranho por si só. Entrei devagar. O perfume amadeirado no ar me arrepiou a nuca. O sofá vermelho da sala tinha dono: Misa. Cabelo bagunçado, cam