Entrei no apê da Emma e da Lotte e a batida da música veio primeiro que o cheiro — um misto de pizza fria, perfume adocicado e whisky barato. Jones apareceu na porta da sala com uma garrafa quase vazia na mão e um sorriso culpado no rosto, apoiando metade do peso no Matt para não tombar.
— Oi, casal nota mil! — ele anunciou, exagerado, abraçando o Matt como se fosse um pilar.
— Alguém bebeu além da conta — o Matt avaliou, torcendo o nariz.
— Já que eu não posso beber, acompanha ele — provoquei, seguindo para a sala.
— Pretendo passar no teste do bafômetro — ele retrucou, sério de mentira.
— Eu dirijo — deslizei a mão no bolso do casaco dele e pesquei a chave.
— Esse eu quero ver — ele riu, pegando a garrafa das mãos do Jones.
— Nunca duvide de uma mulher, Spelling — pisquei e deixei os dois, rumo ao sofá.
A sala sempre me pareceu um mosaico de escolhas impulsivas: papel de parede colorido que brigava com dois sofás brancos, uma poltrona de veludo vinho, abajur sem cúpula num canto. A