— Bate na madeira — faço careta, rindo. — A gente se cuida.
— Você não quer filhos? Aquela casa cheia… — ele finge naturalidade enquanto me oferece morangos.
— Um dia, sim. — Surpreendo a mim mesma com a honestidade. — Mas agora eu quero me firmar no trabalho. Depois… dois, três… quem sabe. — Digo, lembrando de como meus planos mudaram desde o susto de meses atrás.
Comemos, arrumamos, cada um no seu ritmo. Matt me deixa na esquina da firma; combinamos de jantar algo sem cominho à noite. Atravesso o saguão do prédio dos Patinks com uma neutralidade treinada. A recepção é fria, mármore e metal, e me parece ainda mais fria depois de duas semanas longe. O elevador me obriga a uma carona com duas analistas do RH que falam baixo, rindo de alguém “que caiu no leilão feito patinho” — aposto que sou eu.
No último andar, Cíntia me recebe com um sorriso de solidariedade.
— Bom dia!
— Bom é maneira de dizer — ela sussurra. — Seu chefe chegou num humor…
— De sempre — completo, com uma piada que só