Depois que Misa me levou até o limite — em cima da mesa do meu estágio — fiz questão de colocá-lo para trabalhar. Literalmente.
— Você vai me ajudar a arrumar essa zona. — falei com a saia amassada e o batom borrado, apontando para os papéis espalhados e a caneca quebrada.
Ele não discutiu. Enquanto ele ajeitava as cadeiras e catava as folhas do chão, eu tentava organizar minha respiração e minha consciência. Era sempre assim com ele: um furacão. E eu, a cidade destruída tentando se recompor.
Passei o restante da tarde lendo e corrigindo os documentos com a atenção de quem precisava desesperadamente manter a mente ocupada. Fiz um relatório impecável e deixei sobre a mesa da supervisora sem nem dar bom-dia. Ela me olhou. Eu ignorei.
No fim do expediente, corri para casa. Finalmente sozinha. Tirei o sutiã, prendi o cabelo e me entreguei a pequenos rituais de autocuidado. Hidratei o cabelo, arranquei cada pelinho que me irritava no rosto, fiz as unhas com calma. Eu precisava me sentir bo