Meu pai está ali, parado na porta, com as mãos nos bolsos da calça jeans bem passada. Os cabelos grisalhos penteados com o mesmo cuidado de sempre. Ele ainda tem a postura reta de quando servia o exército. Alto, imponente, barba por fazer bem desenhada, e um olhar azul que parece atravessar a alma.
— Oi, filha — ele diz, abrindo um meio sorriso.
— Pai! O senhor não avisou que viria — falo, tentando ajeitar a blusa amarrotada.
— Estava por perto… resolvi passar. Está de saída?
— Vou com o Matt para a casa de campo dele — explico.
— Final de semana com o namorado? — ele diz, dando tapinhas nas costas do Matt.
Sinto minhas bochechas queimarem.
— Pai!
Os dois caem na risada.
— Parece que foi ontem que você teve sua menarca…
— Pai, se o senhor não parar, eu juro que vou te empurrar da varanda!
— Tá bom, tá bom — ele gargalha, entregando um envelope. — Vim te trazer um presente de formatura. Abre logo, que estou de saída. Até sexta!
Abro o envelope. É um cartão de viagens. Um panfleto com p